Disse uma asneirada do tamanho do mundo no meio de um restaurante.
E tudo porque achei que a palavra se podia dizer em português, mas com sotaque espanhol.
Ou seja, a chamada chico-espertice que todos nos fazemos ao falar castelhano, quando não sabemos como se diz e inventamos.
Saiu mal. Sai uma asneira da grossa.
E o meu colega Victor ia morrendo a rir.
De vez em quando lembro-me da cara que fez desato-me a rir sozinha.
É o que vale.
O colega que está comigo aqui Yecla passa os dias a tentar enganar-me com o espanhol.
Tipo, diz isto, que é bonito, diz ao teu chefe não sei que, que ele vai adorar. Coisas de calão que eu não conheço.
Diz que me vai ensinar tudo o que não se ensina no Cervantes.
E eu estou cheia de medo.
Quando chego, depois de uma temporada sem vir, tenho a língua presa.
Sinto que me esqueci de verbos e vocabulário, sou incapaz de fazer uma conversação fluente, como já fazia.
E as minhas apresentações são sempre na manhã do dia em que chego. Se fossem um dia depois já me sentia melhor, mais confiante. Assim, é uma camada de nervos, passo o tempo á procura das palavras e isso para um comunicador, é uma doença.
Falar uma língua é um trabalho constante.
Não há nada (...)
Já comecei o ultimo modulo do meu curso on line.
Já fiz a primeira parte, faltam duas e o trabalho final.
Em Abril estou despachada.
Só tenho que manter este ritmo.
Tenho que começar o terceiro e ultimo modulo do meu curso online.
Mas não me apetece nada.
Ah, agora não posso!
Vou jantar com a minha mana caçula.
Começo amanhã, de amanhã não passa...
Alguém me devia ter avisado de que o raio do curso de espanhol on line dá um trabalho do caraças.
A ver se faço a tarefa final do primeiro módulo ainda esta fim de semana, que eu quero cumprir o prazo e ir de férias descansadinha.
Quando regressar, tenho segundo módulo á perna.
Já para não falar que a seguir a esse, há outro.
Hoje jantei com uma pessoa com quem não tenho uma relação estreita. E não só fiquei absolutamente fascinada pela sua história de vida, como estou completamente surpresa até agora, por ter estado duas horas a manter uma conversa ininterrupta em espanhol e sem grandes problemas.
Avaliação com mi jefe.
Correu muito bem e apesar de me terem amedrontado com quatro horas de conversa sem fim, afinal falámos apenas duas e não saí de lá em prantos.
E eu estava com uma directa em cima, porque em dias de me levantar ás 5 da manhã, dá-me uma travada e não durmo nada. Nem um minutinho para contar história.
Nem vale a pena explicar que agora não vejo nada á frente e daqui a pouco estou deitada a roncar. Ainda tenho é um jantar, mas não há-de ser nada.
Mas (...)
Oito da madrugada e eu a entrar num táxi.
Ao volante, um daqueles machos absolutamente latinos a que me fui acostumando a ver por estas terras.
Como banda sonora da minha viagem, o flamenco mais triste do Universo.
E o homem cantava, enquanto me levava para dentro do transito, que não andava.
As letras daqueles flamencos absolutamente dramáticos, cantados sempre pelo mesmo par de vozes masculinas lamechas e aciganadas, como convém ao flamenco, variavam entre “Eu tenho uma (...)