Não são só as avós que são mães duas vezes
Ontem estive uma hora a encher a minha sobrinha Margarida de beijos.
Ela, amorosa e carinhosa, não reclamou uma única vez, deixava-me estrafega-la com beijos, deixava-me aperta-la, cheirar aquele aroma bom de bebé, rindo-se da minha lamechice.
Voltei para casa com o coração cheio e a pensar no que gosto dos meus sobrinhos.
De todos eles.
A Margarida é a bebé mais fofa do mundo, como também já foram a Ângela e o Pedro.
No caso dela, filha da irmã que eu ajudei a criar, que foi mais minha filha do que minha irmã, no caso da Margarida, sinto-a como muito mais do que sobrinha.
É mesmo muito especial, ver um rebento da nossa irmã mais pequena, da nossa menina, ainda por cima quando elas se parecem tanto. Faz-me lembrar a minha boneca viva, aquela que me foi oferecida quando tinha quase oito anos e da qual eu jurei cuidar e proteger para sempre.
A Ângela foi a primeira. Veio sem que estivéssemos à espera, a minha irmã ainda era solteira. Lembro-me de cada uma das vezes que tive que ligar o secador na casa de banho, para esconder da minha mãe, as sessões de enjoo matinal da minha irmã.
A Angelita foi a primeira neta, a primeira sobrinha e no dia em que ela nasceu apareceu-me uma borbulha de stress no meio da bochecha que parecia um Evereste, tal foram os nervos. Todas minhas as fotos com a princesa, dessa semana, deviam ser queimadas.
Chorava como uma Madalena e eu estive lá, muitas vezes, todas as que consegui, tentando evitar que a minha irmã ficasse louca.
O Pedro, ai, esse menino demorou muito para chegar.
Fiz não sei quantos testes de gravidez à minha irmã, fui com ela ao especialista de fertilidade quando pensou que nunca mais ia engravidar.
Aconteceu naturalmente depois da segunda consulta.
O Pedro já foi ao meu casamento, a minha estava grávida de 3 meses nesse dia.
Quando nasceu, estava no hospital, a roer as unhas até ao cotovelo.
Liguei ao meu cunhado a informar que era um menino (a minha irmã não quis saber o sexo em ambas as gravidezes...) e pude vivenciar a alegria dele.
Ainda me lembro do cheiro que tinha, do toque da sua mãozinha, quando o afaguei, no caminho entre o bloco de partos e o quarto, acabado de nascer.
Tenho um orgulho imensurável nos meus sobrinhos, vibro com cada uma das suas conquistas, adoro vê-los crescer lindos e cheios de projectos.
E chego à conclusão de que não são só as avós que são mães duas vezes. A tias também. Pelo menos as babadas, como eu.