È Quinta feira de espiga..
E chegaram as saudades.
Saudades do tempo em que era uma menina, e que vivia no campo.
A minha mãe adorava comemorar todos os dias festivos, todos, mesmo os mais insignificantes.
O dia da espiga não era excepção.
E o ritual deste dia era delicioso.
Faziamos um bolo. Normalmente de iogurte, que era o mais fácil de ensinar a duas crianças.
ìamos ao campo fazer os raminhos e depois lanchavamos no nosso quintal, porque era mais seguro do que estarmos sozinhas no meio do campo.
Estendiamos a toalha e ali ficávamos a conversar.
Eu, a minha irmã mais nova e a minha mãe.
Não era grande aventura, mas era um momento nosso. (Mal sabia eu a importancia que teriam na minha vida...)
O raminho ficava depois pendurado atrás da porta, até ao ano seguinte, para trazer sorte e saude.
Gostava que o meu filho tivesse esta oportunidade de gostar das tradições, de poder vivê-las. A nossa vida de hoje não nos dá esta hipotese e eu tenho pena por ele.
Se a minha mãe fosse viva, decerto estaria hoje a passear com o neto no campo e a lanchar com ele, no quintal da nossa casa.
E eu teria feito de tudo para sair do Porto a tempo de me juntar a eles numa fatia de bolo de iogurte.
Como antigamente.