Natal é assim.
Prometemos gastar pouco e comprar menos, mas o que é certo é que acabamos sempre por comprar coisas a mais;
Prometemos não enviar aquelas mensagens super batidas, mas depois aparece uma super fofinha que nos derrete e enviamo-la aos contactos todos do telemóvel;
Juramos a pés juntos que não ouvimos as músicas lamechas de Natal e depois temos o "Last Christmas" a bombar a toda a hora, em casa e no carro;
Estamos fartos do "Sozinho em Casa" e do " Música no Coração", mas é ver-nos enrolados na mantinha do sofá, a rir ás gargalhadas com um e a lacrimejar com o outro;
Repetimos as mesmas conversas parvas, implicamos com os mesmos membros da família, criticamos os homens porque não ajudam com a compra dos presentes, agradecemos a Deus por passarmos mais um Natal com eles nas nossas vidas;
Maldizemos o bolo rei por causa das frutas cristalizadas e depois comemos na mesma, mesmo que tenhamos que as tirar uma por uma da nossa fatia;
Damos por nós a espreitar o Natal dos Hospitais, depois de anos a levar com o programa na nossa infancia, só mesmo para ver se ainda é como era antigamente;
Criticamos o pessoal que se enfia nos centros comerciais até dia 24 ás 8 da noite, que deixam tudo para a ultima, que andam aos encontrões, mas vamos lá bater com os costados, nem que seja para comprar o ingrediente que falta para fazer a sobremesa da consoada;
Achamos pirosa a cena de estrear roupa no Dia de Natal, como fazíamos quando éramos crianças, mas compramos uma muda completa para os filhos, para o marido e um vestido para nós, que afinal de contas, parece mal não se estrear nada no almoço da sogra;
Dizemos que não queremos prenda nenhuma, que o Natal é das crianças, mas depois passamos o mês todo a mandar indirectas sempre que passamos em frente ás lojas de roupa, de óculos, de sapatos e de malas;
Não acreditamos no Pai Natal, mas fazemos depilação, esticamos os cabelo e arranjamos as unhas, não vá o raio do velho achar que mal arranjadas não temos direito a presente;
Comemos demasiado e voltamos mal dispostos para casa, rogamos pragas á nossa gula e passamos a noite ás voltas com a digestão, mas voltamos a comer como umas verdadeiras bestas no almoço do dia seguinte;
Partimos para a consoada com o raça dos barretes de Natal enfiados pela cabeça abaixo e fingimos surpresa quando vemos a família com bandoletes de hastes de renas e barretes com tranças;
Achamos que a magia do Natal é coisa dos pequeninos, mas ficamos com borboletas na barriga quando o dia está para chegar.
Natal é isto.
E é ter a família mais chegada toda junta.
É rir das mesmas coisas todos os anos.
É encher o coração com a alegria dos miúdos, com a excitação deles ao abrir os presentes.
E acima de tudo é ter a noção de que somos muito ricos, quando temos os nossos por perto, cheios de saude, cheios de paciência, cheios de amor para dar.
Feliz Natal a todos!