Dia dos avós
Eu tive apenas uma avó presente, mãe da minha mãe, que vivia connosco.
O meu avô paterno morreu com 50 e poucos anos, vitima de uma embolia pulmonar, tinha eu 18 meses.
Digo que me lembro de lhe tirar as coisas do bolso da camisa e de ele se rir por causa disso, mas sei que é humanamente impossível e que as minhas memórias se devem á descrição que a minha mãe fazia desses momentos, para manter viva a memória do pai dela em mim.
Era (segundo as más línguas) um homem daqueles que parecem actores do cinema, fazia palpitar corações e era um charme de pessoa.
O meu avô paterno tambem morreu muito novo, eu ainda não tinha nascido.
A avó paterna nunca se deu com o meu pai ( e muito menos com a minha mãe) e por isso não convivemos (nem pouco nem muito, absolutamente nada).
Lembro-me de a minha mãe ter pânico de estar em Águeda, terra do meu pai, e ela aparecer, coisa que nunca aconteceu.
A briga entre eles foi muito feia e os corte absolutamente radical.
Acabou por falecer há relativamente poucos anos, no dia do meu aniversário.
A mãe da minha mãe era uma espanhola á antiga.
Muito dura, com pouco carinho por crianças.
Teve apenas uma filha e contava a minha mãe que só a teve porque o meu avô ameaçou que se ela não a tivesse, ia ter um filho com outra qualquer (nunca confirmei esta versão, talvez tenha sido dramatismo da minha mãe...).
Não me lembro do colo desta avó e muito menos de a ver sorrir.
Foi sempre uma pessoa muito amarga, completamente diferente do amor de pessoa que era a minha mãe (puxou ao pai, felizmente).
Faleceu com setenta e dois anos, com uma trombose e disso lembro-me perfeitamente, porque era adolescente.
O meu filho teve, até há dois meses atrás, apenas uma avó.
A minha mãe faleceu há 16 anos e não o conheceu.
O meu sogro desapareceu da vida do meu marido há 30 anos.
E eu não me relacionava com o meu pai há 14.
Eu costumo dizer a brincar que o altar no meu casamento, foi o mais miserável da historia dos casamentos.
Só tinha padrinhos e a minha sogra.
Faltaram lá mais 3 elementos, uma porque não podia, os outros dois porque não quiseram.
Mas hoje e pela primeira vez, o meu filho celebrou o dia dos avós com o avô Augusto.
Passou o dia inteiro com ele.
E sinceramente, tudo vale a pena só por ter o prazer de lhe dar esse privilégio.
Um privilégio que eu não tive.
E o meu filho só tem um avô e uma avô, mas ambos são excelentes e amam-no incondicionalmente.
Não há muita gente que se possa gabar disso.
( e a avó Carmen, apesar de não estar presente, por certo tambem lhe manda muito amor e carinho, do cantinho de onde o espreita e protege, a cada segundo)