Se eu não escrever, rebento.
Há coisas que eu não percebo.
Por mais voltas e voltas que dê, há coisas que eu realmente não entendo.
Eu não sou uma pessoa fácil, nunca fui.
Tenho um feitio bem tramado, sou obstinada e exigente comigo, mas também com os outros, o que muitas vezes, não é pacifico.
Costumo dizer que a única coisa boa disto tudo, é que tenho a verdadeira noção do quanto sou difícil, apercebo-me perfeitamente dos meus defeitos, sou a primeira a criticar-me, nunca precisei que ninguém me apontasse o dedo.
Ele já está espetado na minha cara, por mim mesma, há muito tempo.
E tenho o defeito que considero virtude, de colocar a minha família sempre á minha frente.
Mesmo que isso signifique abdicar de muita coisa.
Porque estar com o meu marido e com o meu filho é sempre mais importante do que tudo o resto.
Faz-me confusão que as pessoas se conheçam tão pouco.
Ou que a negação seja tão forte, que acreditam nessa negação, em vez de se aperceberem da realidade.
E que continuem a cometer os mesmos erros, mesmo que eles magoem os que estão á sua volta, uma e outra, e ainda outra vez.
Ou mesmo que não sejam erros, mas que mesmo assim magoem.
Como é possível?
Eu não consigo perceber.
Tento, tento, tento.
Passo noites em branco a pensar, e chego mesmo a duvidar da minha capacidade de discernimento.
Porque é tão absurdo, que parece irreal.