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Contos sem nó

As minhas histórias

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02.05.10

Mãe


Lila

Eu não simpatizo particularmente com o dia da mâe.

Desde que perdi a minha, tornou-se um dia óbviamente difícil.

O meu filho faz-me sempre uma prendinha na esola, mas desde sexta que tenta desesperadamente que eu a aceite, que não lhe importa que a comemoração seja dois dias depois, ele quer é ver a minha cara ao recebê-la.

Estive o fim de semana todo a fugir da prendinha, que ele abanava furiosamente nas mãozinhas.

Dia da mãe para ele,  é o dia em que a prenda está pronta e o resto é conversa.

Eu sou o oposto disto. Adoro surpresas e gosto que se cumpram os dias.

Para mim, não tem graça receber prendas fora do dia de aniversário. São prendas, mas não são de aniversário.

Detesto receber um telefonema dois dias depois. Gosto que se lembrem de mim no dia.

Dou importancia ás datas, sempre fui assim.

Por isso, estou á espera de receber a prenda no dia da mãe. Não antes e não depois.

E estou á espera que se dê importancia ao dia.

Até porque, não posso festejar com a minha mãe e hoje sinto, ainda mais, (se isso é possível) a falta dela.

Mas, nem de propósito.

Tenho o raio do azar do meu marido se marimbar para o negócio.

Normalmente não compra nenhuma prenda, não se lembra e não faz questão.

Pode comprar-me coisas todos os outros dias do ano, mas não neste dia.

E eu fico invariavelmente triste.

Faço um esforço para não ficar, mas fico.

Tento pensar que não é importante, mas acabo sempre por ficar a remoer nisto.

É mais forte do que eu.

 

 

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