Páginas soltas
Ás vezes enfrento páginas insistentemente vazias.
Páginas que parecem não querer encher-se de palavras, que as repudiam com um ódio inexplicável.
Faço rabiscos, invento argumentos, mas as páginas não se preenchem.
Os enredos parecem-me demasiado irreais.
As ideias parecem-me demasiado gastas.
Fico a debater-me com os lugares comuns.
No momento em que baixo a guarda e me deixo levar pelo que realmente me inspira, sem filtros, sem medos, as páginas enchem-se e não tenho mãos a medir.