Iep
And falling in the process.
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And falling in the process.
Comprei na Halara, a minha nova queridinha online para roupa. São super confortáveis e práticos. É vestir e não pensar mais nisso.
Enough is enough.
Tenho uma chefe muito exigente, perfeccionista. Eu gosto dela e ate acho que tem direito a fazer todos os comentários e criticas porque sabe fazer as coisas bem. Mas hoje, depois de ser pressionada a ter uma reunião das 10 a meia noite de hoje e ser sobre um projecto muito importante, percebeu que o trabalho que um colega tinha feito não estava a sua medida. E humilhou-o a nossa frente na reunião semanal. Eu não sabia onde havia de me meter. E a única coisa de que fui capaz, porque ela me pediu e ele concordou, foi entrar na tabela e adicionar o meu input, sem ter pegado em nenhuma das minhas tarefas desde então. Ele, que e sempre o primeiro a ir almoçar, hoje chegou por ultimo e tem estado cabisbaixo, silencioso. Se um dia me calha a mim, não sei o que farei. Por agora, tenho estado sempre do lado bom da fronteira, mas da-me muito medo. Ela tinha razão nas criticas que fez, e eu sei que ela já repetiu o que queria muitas vezes sem ter conseguido nada. Mas, há formas e formas de repreender um subordinado. E esta, não foi a melhor. Digo eu, que liderei 13 pessoas de varias nacionalidades, religiões e culturas. Gentileza. Foi sempre a palavra que tive na minha mente. E nunca me dei mal. Começamos muito mal a semana, só vos digo.
Há mais de uma ano que ando a lutar por perder cinco quilos. E por mais que tente, não consigo. Faço jejum intermitente há seis anos e creio que me ajuda a não ganhar muito mais, mas queria mesmo perder. Nos últimos dias tenho aumentado o numero de horas de jejum, faço apenas uma refeição por dia e guess what, perdi dois quilos de um dia para o outro. Vou tentar manter este foco pelo menos ate ir para Portugal, já sei que la não vai ser tao fácil saltar o jantar, mas pelo menos, devia perder os três quilos que me faltam para estar no peso em que me sinto bem. Porque eu não estou gorda, mas sinto-me em melhor forma com menos estes quilos. . Ate no yoga me sinto pesada e esta diferença de meia dúzia de quilos vai-me ajudar. Seguimos na luta, pelo menos ate chagar ao dia em que vou comer marisco e caracóis com pao torrado em Portugal.
Daqui a uns anos, quando perguntarem ao meu filho como era a sua mãe, o que ira ele dizer? Que falava pelos cotovelos e adorava contar piadas secas, das quais se ria sozinha. Que os tinha- a ele e ao pai-como prioridades na vida. Que era cuidadora. Obcecada por limpezas e organização-e dirá por certo que essa mania roçava o doentio. Que dificilmente lhe dizia que não. Que se preocupava demasiado e sofria por antecipação. Que podia contar sempre com o seu apoio, no matter what. Que era o seu maior fã. Que adorava trabalhar e que se esforçava muito para ser sempre melhor. Que adorava escrever e ler. Que tinha muitos cadernos, muitos lápis, muitas canetas e muitos estojos. Que amava comprar maquilhagem que depois não sabia usar. Que era fascinada por luzes e por brilhos. Que podia ser um pouco pirosa. Que tinha uma bateria social bastante pequena e que o seu carisma se esgotava muito rápido. Que adorava ouvir podcasts e as palavras enchiam demasiado a sua cabeça.Que adorava vestidos e usar preto. Nunca soube brincar a excepção de contar historias que escreveu para ele ou pintar livros a quatro mãos. Que o amava ate ao infinito e que não se cansava de anunciar ao mundo que era sua mãe. Que lhe fazia a melhor taça de iogurte com frutas. Que teve coragem de ir, mesmo quando tinha medo. Que mudou radicalmente de vida depois dos quarenta. Que adorava yoga e aprendeu a meditar. E que o yoga a ensinou a respirar. Que todas as noites fazia acupressao. Que dormia muito mal. E que verbalizava o que sentia, mesmo quando doía muito. Adorava partilhar musicas de que gostava. Adorava ser filha dos seus pais e sentiu toda a vida saudades do colo da mãe. Tinha muito pouca paciencia e comecou, devagar a deixar de fazer fretes. As caminhadas eram a sua terapia, apesar de fazer terapia a serio. Fez cursos a vida toda e nunca se cansou de tentar evoluir. Tentou sempre-ser melhor mãe, melhor mulher, melhor filha, melhor irmã, melhor amiga, melhor colega, melhor profissional, melhor pessoa. Falhou quase sempre.
'Sometimes it takes you a long time to sound like yourself.'
Miles Davis
São sem sombra de dúvida o que mais gosto de fazer aqui. De verão ou de inverno, a paisagem é sempre bonita e os trilhos podem ser fáceis ou muito difíceis. Basta escolher. Há treze meses e meio aqui, não me habituei, não fiz amigos, não tenho vida social. Não gosto de falar francês e estou mesmo a desistir de aprender. Não me entra, pura e simplesmente e eu sei que é a minha cabeça a lutar contra. As pessoas são frias, há muito pouco para fazer e sem carro, sinto-me presa de mãos e pés a esta cidade demasiado pequena. Estou muito farta de transportes públicos. Esta semana vai haver um festival de música mesmo aqui em frente. Todos os dias barulho até muito tarde e tenho que me levantar às seis da manhã para ir trabalhar. O ano passado vivi esse festival na minha primeira semana nesta casa. Sozinha e a desesperar. Tenho a certeza de que vou chegar ao próximo Domingo completamente exausta, sem descansar e ainda mais embrulhada nesta tristeza profunda. Falta uma semana e meia para ir para Portugal. Não que me entusiasme estar de férias na minha casa, não vou para um resort, mas lá pelo menos tenho o meu filho, o meu pai e empregada uma vez por semana. Um verdadeiro luxo que pago caro mas de que preciso, nem que seja duas ou tres vezes por ano. Vou fazer as minhas aulas de yoga em sala, com as minhas colegas. Sentir o toque. E praia. Viver junto da praia é uma benção para quem não vai a lado nenhum ou não tem casa de férias. Ainda vou trabalhar uma semana e meia remotamente antes de ficar off mas seguramente já vou conseguir escapar-me para ver o mar. Só tenho que conseguir sobreviver até lá.
Estive três anos a viver em frente à praia num país onde é verão o ano inteiro. Antes, vivi sempre junto ao mar e começava a fazer praia logo que o sol aquecia. Este ano ainda não fui um único dia e só vejo toda a gente de férias, a dar mergulhos no mar e na piscina. Nunca estive tanto tempo longe da praia e confesso que me custa. Aqui há rios e lagos mas não é a mesma coisa. Mal posso esperar por ir de férias mas já estou a sofrer por antecipação só de pensar no regresso aqui. Um mês a gozar o verão não me chega.
No Domingo fomos ver os Materialistas ao cinema. E não sendo um filme espectacular ( e caramba, tem o Pedro Pascal a fazer dele próprio, um homem rico e bonito) fez-me pensar nas subtilezas do amor. No porque de escolhermos uma pessoa em vez de outra, quais são os nossos critérios e quais as necessidades que queremos ver satisfeitas, quais são os valores dos quais não abrimos mão e não são negociáveis. Porque é que continuamos a casar sabendo que sete em cada dez casais acabam divorciados? No meu caso, casar era essencial. Tinha esse evento marcado na minha tineline e foi importante não ter abdicado disso. Agradeço ao meu marido, que não fazia nenhuma questão de casar, por me ter deixado viver esse dia (com toda a gestão e dinheiro que foi gasto, sem ajuda nenhuma dos pais e ainda a ter que aceitar convidados que não conhecíamos de lado nenhum porque a minha sogra fazia questão. Não voltamos a ver essas pessoas e temos fotografias delas no nosso álbum. Enfim.) Se voltasse atrás no tempo fazia muita coisa diferente ( não sou nada a pessoa que acha que mesmo as brutas burrices que fiz na vida me fizeram a pessoa que sou hoje e fazem parte. ) Se pudesse voltar atrás, não repetia uma grande parte da minha vida, estabelecia mais limites e aprendia mais cedo a cuidar de mim primeiro. Mas voltava a casar. Acho que o facto de podermos juntar família e amigos e celebrar o amor é um momento único . Não voltamos a fazê-lo nunca mais. Pelo menos dessa forma, naquela idade e com toda a emoção. E se for só por causa disso, já vale a pena. Gostei muito de poder casar com o amor da minha vida e poder partilhar esse dia com as nossas pessoas. Agora, se voltava a casar? Não. Durante muito tempo pensei em fazer uma celebração dos vinte e cinco anos de casados na igreja e fazer uma festa para a família. Mas depois lembrei-me de que tinha que juntar a família, precisamente. E perdi a vontade. Talvez o voltemos a fazer se o meu filho decidir casar. Mas já não serei eu a lidar com os caprichos alheios. De volta ao filme, o argumento é bastante básico, mas eu gostei. Gosto de histórias de amor. Acredito que é possível viver apaixonado a vida toda se escolhermos a pessoa certa . Se ela se der ao trabalho de nos cuidar tal como é cuidada. Se o casal estiver acima do indivíduo e do egoísmo inerente a cada uma das personalidades. A idade trouxe-me mais visibilidade e mais clareza acerca do processo mas ainda assim, não estou cética. Serei para sempre uma sonhadora e as histórias de amor vão ser sempre as minhas favoritas.