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Acho que estes meus seis anos foram mais complicados do que a adolescência. Cortaram-me o cabelo curto e fui perdendo dentes. Não usava brincos e achavam que eu era um rapazinho. Nunca percebi porque é que estou a sorrir nesta fotografia. Estava exposta em destaque na casa da minha titi e foi provavelmente a primeira fotografia da minha infância que o meu marido viu. Dois dias depois de começarmos a namorar. Este casamento durou por sorte...
Na segunda-feira fui trabalhar ao Hospital de São João, onde fazem o teste IgG para o SARS CoV 2 mais moderno e completo do mercado. Aquele que me tirou anos de vida nos últimos meses. No meio da reunião, surgiu a conversa de eu ainda não ter feito teste serologico. E sem dar por isso, esta que vos escreve, a que tem medo de tirar sangue, estava a mandar um tubo para o equipamento. Sim, sem ter hipótese de me deitar numa marquesa, em jejum há 16 horas e com a agulha mais grossa ‘ que a veia da dra é mesmo boa’. Morri de medo de desmaiar ali em frente aos que trabalham comigo. Mas fui valente. E depois esperei ter tido o bicho numa das mil e duzentas somatizaçoes que fui fazendo ao longo deste ano. E estar imune. Mas näo. Nem pinga de imunidade. E ainda gozaram comigo. ‘Tivesses estudado’. Para uma marrona como eu, foi um desgosto.
O tempo atenua, mas nunca se ultrapassa.
Faz hoje um ano que descobrimos que as nossas vidas nunca mais iam ser as mesmas. O meu marido regressou de emergência da Alemanha e nunca mais voltou, estando a trabalhar de forma remota há um ano. O meu filho descobriu que a escola ia fechar e nesse dia, à noite perguntou se podia na mesma ver os amigos. Disse-lhe que não. Eu achei que a minha vida ia ser um paraíso, os três em casa, por fim. Durante os primeiros dois meses de confinamento fazia caminhada todos os dias. Andamos 600 km nesse período. As primeiras semanas foram óptimas, conseguia conciliar trabalho com arrumações e limpezas e diversão. Mas depois, o trabalhou tornou-se uma loucura e assim permanece ate hoje. Já não penso que é maravilhoso estarmos os 3 fechados em casa há um ano, sem sequer termos tido ferias fora daqui. As tarefas diárias da casa tornaram-se um fardo pesado. A rotina tomou conta do espaço.Tenho saudades do eu antes disto. Da pessoa que eu era antes de um vírus ter virado tudo do avesso. Estou farta. Mesmo muito farta. E nunca pensei dizer isto, mas já tenho saudades de aeroportos e de aviões todas as semanas, de me levantar as 4h da manhã e de estar fora de casa dias a fio.
Porque tudo o que é demais também chateia.
Uma desilusão. Cliché atrás de cliché sobre o confinamento. O vinho, a falta de sono por stress, as calças de pijama com parte de cima formal para as reuniões, os despedimentos nas empresas... Ficou-me apenas uma frase "Se não contares a ninguém, não aconteceu". E a maravilhosa Anne Hathaway, que nem no pior argumento do mundo faz ma figura.
Vi em dois serões e tenho a tecer vários comentários:
-Agarrou-me do principio ao fim e estive sempre em pulgas para saber quem era o assassino, mudando de suspeito a cada cinco minutos;
-A Nicole Kidman fez qualquer coisa esquisita à cara, mas continua espectacular de linda e elegante na mesma. O cabelo então,estava mesmo bonito;
-Adorei a fotografia da série, as casas fantásticas, o skyline de Nova Iorque que é único e inconfundível;
-Adorei o guarda roupa da Grace. Cada uma das peças que usou na serie vinham todas para o meu guarda roupa, sem pestanejar. Os casacos compridos então eram de matar. Todos lindos! E como é que uma mulher fica absolutamente fantástica e sexy sem mostrar um centímetro de pele? Aprendam bitches.
-O Hugh Grant esta velho como o caraças.
No domingo estava a ver a serie e o meu filho entrou na sala. Olhou para o ecrã e disse "ah mãe estás a ter yoga?. Não estava. Mas ele viu a Nicole Kidman na televisão e julgou que era eu. Estou inchada há 48 horas. (tem filho mesmo ceguinho, valha-me Deus)
Acho que estamos bem entregues!
O cabelo está cada vez mais parecido con o meu. Desde que aprendeu a cuidar dele, a fazer máscara semanalmente, a fazer a finalização e a estimular o ondulado, ficou mesmo bonito
