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Contos sem nó

As minhas histórias

Contos sem nó

As minhas histórias

31.12.20

Passagem de ano


Lila

Secretamente feliz por termos feito jantar apenas para quatro e estarmos agora os três, (depois da sogra estar entregue em casa) em pijama, quentinhos, enroscados no sofá.

31.12.20

2020


Lila

Não vou entrar no cliché de que foi o pior ano de sempre, porque não foi. Para um casal que viaja em trabalho com a frequência que nós viajamos, este ano acabou por ser uma bênção. Estava mesmo muito cansada das minhas viagens semanais e como disse muitas vezes aqui, viajar em trabalho para uma mulher, não é o mesmo que viajar em trabalho para um homem. Pelo menos na minha casa. Para além do trabalho que ia fazer no estrangeiro, tinha que organizar a casa, deixar o frigorífico cheio se ficassem os dois em casa, fazer a mala do filho e gerir a permanecia deste na casa da minha sogra. Obviamente que o meu marido também se cansa imenso das viagens, vem da Alemanha de quinze em quinze dias, faz dois voos e quase dez horas para cá chegar e isso é dispendioso e exaustivo. Eu estou em terra desde 29 de Fevereiro, e ele desde 13 de Março. Há nove anos que não estávamos tanto tempo juntos. Bem, para dizer a verdade, nunca estivemos tanto tempo juntos porque quando ele vivia cá, cada um trabalhava fora e só nos víamos à noite e ao fim de semana. Agora passámos nove meses em casa, a trabalhar on line, na mesma mesa do escritório. SEMPRE juntos. Foi tempo de qualidade para o nosso filho, habituado a ter mãe e pai ás prestações. Foi tempo de qualidade para nós. Mas não posso mentir, não foi tudo um mar de rosas. Eu dizia a brincar que nem percebia como é que ainda não nos tínhamos matado, e foi agora no final do ano, que acabámos por chocar. O acumular do stress e do tempo juntos, tinham que fazer mossa. Não fizemos ferias fora de casa, os únicos dias fora deste ambiente em nove meses foram no fim de semana do aniversario do A., em Junho. Estou a ficar bastante farta da casa e com saudades da minha vida normal, ainda que nunca tivesse imaginado dizer isto. Mas nada que não se ultrapasse. Em jeito de balanço, foi um ano positivo para a nossa família nuclear. Um ano de tempo. Mas também foi o ano em que potenciei o meu lado obsessivo compulsivo. Com tanto tempo em casa, acabei por arrumar e deitar fora, tudo e mais alguma coisa. Os meus homens entraram em parafuso.

Este ano, já por si cheio de incertezas e de medo, foi marcado pela doença da minha irmã mais nova. Em Maio, às 36 semanas de gravidez, foi internada com um infecção urinaria que apressou o nascimento do Matias, prematuro, e evoluiu para uma sepsis que a deixou em coma. Nunca tive tanto medo e a perspectiva era de que perderia  a minha irmã, a irmã que eu criei como filha. Por um milagre, operado com certeza pela minha mãe, lá na sua nuvem, a minha irmã sobreviveu sem sequelas. E o meu sobrinho também, depois de quinze dias na incubadora, ventilado e entubado. Hoje tem sete meses e esta um verdadeiro bebe chorão, daqueles dos anúncios.

Mas os dramas não ficavam por aqui e em Agosto, a mesma irmã, separa-se do marido e pai dos filhos. Com um bebe de sete meses nos braços. A relação já não estava bem e todo o processo de quase morte ajudou à decisão. Tudo isto abalou a família, principalmente o meu pai, conservador e militar de formação. Nunca o tinha visto tão triste, desde a doença e morte da minha mãe. O meu pai vê os genros como filhos e este vivia lado a lado com ele, o que foi ainda pior. A relação do meu pai com a minha irmã não esta famosa e vamos tentando gerir as coisas o melhor que sabemos. Este Natal já foi diferente e temos que nos adaptar a dividir os meninos, que andam como bola de ping pong, de um lado para o outro, entre a casa de um pai e de outro. Mas o importante é que a minha irmã esteja feliz.

Em Outubro nasceu a minha sobrinha neta, a Matilde. Foi um sopro de alegria nas nossas vidas. Obviamente que continuo sem conseguir pegar nos meus dois sobrinhos ao colo, como eu queira e gosto, por causa da pandemia, não os vejo como gostava e este tempo de ambos não volta. Eu acho que eles nem me vão conhecer como deve ser, como os outros sobrinhos conheceram sempre.  Mas vamos-nos vingando com vídeos e fotos. A Matilde está uma boneca, amorosa como a mãe.

Também em Outubro o meu filho fez dezasseis anos e apesar de todas as restrições, conseguimos pela primeira vez em meses, reunir a família mais chegada cá em casa para poder festejar uma data tão bonita. O JA esta um rapaz perfeito, bonito, bom aluno e com muitos amigos. Adaptou-se perfeitamente a tudo isto, muito melhor que nos, adultos.

Olhando para trás, temos que nos alegrar com ter mantido os nossos trabalhos, não termos ficado doentes com o raio do vírus, e de termos os nossos por perto. Perdemos imenso do convívio da família e dos amigos, mas por vezes até foi bom. Este ano não tivemos obrigações que por vezes são bem chatas. O meu lado bicho do mato bateu palminhas. Eu tenho pena, principalmente pelo meu pai, que se vê privado dos mimos dos netos. Tem setenta e seis anos, não pode desperdiçar anos de vida e de carinho. Eu sinto falta dos abraços e dos beijos. Sou muito de toque e isso acabou. Acho que nunca mais vai ser igual, pelo menos fora do circulo da família. Não me vejo a chegar ao trabalho e a beijar os colegas como fazia antes. Ficaremos mais assépticos.

Para 2021, não tenho grandes planos. Acho que faremos férias, viagens e coisas normais em 2022, apenas.Tenho o desejo de levar a vacina rapidamente e voltar a qualquer coisa perto da normalidade lá para depois do verão. Não faço ideia de quando retomamos a nossa actividade no trabalho. Continuarei a minha pratica do yoga, única coisa que me foi ligando à realidade nos últimos meses. E acima de tudo desejo ter saúde para enfrentar este mundo louco. Para mim e para os meus. O resto vai-se encontrando.

 

 

 

30.12.20

Dia bom


Lila

Fui ao yoga as 9:30. Depois andei a fazer coisas em casa. Saímos para tomar café já tarde e visitámos a Camara Municipal, soberbamente decorada para as festas. Almoçamos em Sesimbra e fomos fazer o final da tarde na baixa Lisboeta. A dar um olhinho nas lojas e nas luzes de Natal.

25.12.20

Feliz Natal


Lila

Depois de ontem ter feito o teste de antigenio à familia nuclear, e de estarnos todos negativos, hoje fizemos a consoada juntos, os de sempre. Com máscara, sem beijinhos e abraços, menos tempo. Mas pudemos lembrar o bom que é estarmos juntos. E viver os dois meninos Jesus da família: Matilde e Matias. EU estava a morrer de saudades deles.

19.12.20

Rotinas trocadas


Lila

Antes da pandemia, quando ainda viajava em trabalho todas as semanas, arranjava-me muito durante a semana e abandalhava o look ao fim de semana. Não tinha paciência para me arranjar nos dias de folga. Agora, passo a semana inteira com leggings e roupas de yoga e ao fim de semana dou tudo! Ponho os vestidos a ir almoçar,  uso semana sombrai nos olhos, todo um requinte!🤪

19.12.20

A Vacina


Lila

Por ser bióloga e por estar a trabalhar com SARS CoV2, desde Abril, não há cão nem gato que não me pergunte pela vacina. E a minha resposta é sempre a mesma: Sim, absolutamente sim, quero ser a primeira. Mas infelizmente toda a gente opina, toda a gente sabe tudo, toda a gente quer ter razão. Contra indicações há para todos os tipos de fármacos e de vacinas. Reações cruzadas também. Mas nunca ninguém tomou atenção a elas, como agora. Foi muito rápido? Foi. Mas já existia trabalho feito para os outros coronavirus e vamos ser sinceros, o retorno económico que esta vacina vai trazer compensa o investimento em recursos e tecnologia que foi necessário para ser mais rápido. Não se saltaram passos, houve sobreposição de algumas etapas. Os estudos clínicos vão continuar e a aprovação só sai se forem absolutamente seguras. Vacina? Sim, completamente. Não há outra forma de voltarmos a uma vida perto do normal.

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