2020
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Fomos buscar a um sitio novo. Estava muito receosa, adoro os caracóis da nossa tasca de sempre (que esta fechada). Mas estavam mesmo muito bons e eu fiquei super feliz por ter esta alternativa. Foram os primeiros de muitos, espero.
"Vejo-os desde a porta da minha varanda. Fico ali, meio escondida a observar-los. Ao fim de semana tomam o pequeno almoço à hora de almoço. Eu sei, porque consigo ver as torradas, os queijos, as compotas, os ovos e o sumo de laranja. Há dias em que até acho que consigo sentir o cheiro do chá de hortelã. Ele vai trazendo tudo, ela chega depois. Da-lhe um beijo em jeito de agradecimento. Demoram-se ali, a comer ao sol, a disfrutar do bom tempo, a observar a cidade e o rio, com musica numa coluna. Há sempre musica nos pequenos almoços tardios deles. Conversam. Trocam olhares cúmplices. Os dois com roupa de cama, com cara, sorriso e languidez de quem esteve na cama. Fico ali, meio escondida a observa-los. Da minha casa não se ouve musica. Nunca se ouve musica. Ouvem-se apenas vozes alteradas das inúmeras discussões que temos todos os dias. Na nossa varanda, exactamente igual à deles, não há uma pequena mesa de ripas de madeira, com duas cadeiras a condizer, para pequenos almoços tardios. Não consigo evitar ter alguma inveja daqueles momentos que partilham, meio despidos, sem pudores nem vergonhas. Como se não existisse nada mais para além deles. Ela, de cara lavada, cabelo aos caracóis, num apanhado desleixado que parece ter sido feito de propósito. Empoleira as pernas desnudas na parede e ali fica, de olhos fechados, café na mão, a sentir o sol. Ele, de olhos postos nela. Sempre de olhos postos nela. A varanda deles agora tem um chapéu de sol, que decoraram com luzes coloridas. Quando a noite fica amena, partilham um gin, sentadas na pequena mesa de ripas de madeira, acendem algumas velas e as luzes, as tais luzes coloridas que colocaram no outro dia no dito chapéu, acendem-se e dão um ar de festa à varanda. A festa deles. Para a qual não fui convidada. Faz-se tarde. Fica frio. Trazem um agasalho e ali ficam, olhos postos nas luzes da cidade, olhos postos um no outro, copo na mão, a cantarolar musicas antigas ou simplesmente a divagar sobre tudo e sobre nada. Num amor que parece sempre de lua de mel. E eu, não resisto a ficar ali, meio escondida, a observa-los."
Privados da nossa liberdade, nada melhor que subir ao Pico de São Luís, respirar ar puro, conversar e ver a paisagem deslumbrante, no dia em que se celebram 46 anos passados sobre e Revolução dos Cravos.
Todos os dias a trabalhar desde as 8h da manhã, muitas vezes a almoçar enquanto decorrem reuniões. Interrompo ao final da tarde, já esgotada para fazer uma caminhada com o meu marido, e volto à carga ate à meia noite. Tem sido mesmo alucinante. Eu, que conseguia trabalhar, tratar da casa, cozinhar, dar apoio ao meu filho e ainda fazer alguma coisa para mim, agora não dou conta do recado. Ainda bem que fiz arrumações no inicio da quarentena, desde a Pascoa que não consigo fazer mais nada que não seja trabalhar.
Já esta colado na porta do escritório...
Deve ser do cansaço, para além de estarmos em casa há já tanto tempo, sem vida própria,, também tenho tido imenso trabalho ( e a próxima semana vai ser do demónio outra vez), mas já não suporto os policias do confinamento. Aqueles que vão para a Internet e para a televisão cagar postas de pescada. Que deviam abdicar do ventilador os que saem de casa. Que vão estar debaixo da terra depois do primeiro de Maio se continuam a sair de casa em Abril, mimimi, mimimi. Porra, pá. Já não tenho mesmo paciência. Mas as pessoas são todas atrasadas mentais, é o que pensam? Precisam mesmo de vir com conselhos que ninguém pediu? O rei dos policias do confinamento é o Rodrigo Guedes de Carvalho. Está no top 5. Já não suporto aqueles ralhetes, com cara de quem não parte um prato, noite após noite. Caramba, já não bastava toda a situação em que estamos e que ainda teremos que enfrentar, não podiam estar todos calados?
Fosga-se.
Jantar de sexta-feira. E depois de trinta e não sei quantos dias, mandamos vir sushi.
O melhor do fim de semana, os pequenos almoços na varanda. Aqueles momentos em que estamos ali, ás vezes só em em silêncio, a apanhar sol, são de ouro.
Lanche na varanda. Sim, ando a por ganchinhos no cabelo do meu filho. Esta tão grande que já não vê nada.
O ramo de flores campestres da caminhada de ontem. As flores lilases eram só lilases ontem. Hoje também abriram cor de rosa. Anda viciada nisto.
E uma ou outra aula de yoga que vou fazendo...já estava uma bola.
Tenho o orgulho de poder dizer que a maioria das pessoas com quem trabalho nos hospitais em três países, são muito mais do que clientes, são amigos. Hoje passei a manhã ao telefone e em vez de ser trabalho chato, é um prazer voltar a ouvir as vozes de cada um deles. Sou muito sortuda.