Na maluqueira dos dias, deixei passar o dia 19, em que fizemos a comemoração "do meio". 26 anos e meio de namoro, 19 anos e meio de casamento. Temos conseguido aproveitar os finais de tarde na praia, que me da uma sensação de férias antecipadas, sem ainda estar. O meu homem continua com esta barba horrível que lhe põe uns 15 anos em cima. Não há nada a fazer. (Mas eu acho-o maravilhoso na mesma.)
Viver a maior parte do ano sozinha com o meu filho aguçou o meu distúrbio compulsivo para a arrumação porque o marido refreia-me bastante as maluqueiras. Quando ele esta em casa, ainda por cima em casa a tempo inteiro (quando vem, ou vem de fim de semana ou vem de férias), há um confronto grave entre a minha mania de arrumar e ter tudo no sitio e o feitio caótico dele. Um feitio que já era desarrumado por natureza e que agora na Alemanha, a viver só com colegas homens, piorou. Passo o tempo a arrumar os sapatos deixados na entrada, as chaves que não foram colocadas no chaveiro e estão espalhadas, as roupas penduradas na casa de banho, os papeis largados em toda a minha mesa de trabalho. E depois oiço constantemente o típico "onde estão os meus calções, onde estão os meus óculos escuros, onde esta a minha carteira, onde esta o meu telemóvel????" Tenho que respirar e responder sempre o mesmo "não sei, são as tuas coisas, procura".É uma luta constante comigo mesma. Adoro te-lo por perto, é a minha metade, a vida é muito mais divertida com ele. Temos uma química indescritível. Mesmo quando ele trás da Alemanha uma barba horrível que eu detesto, amo-o na mesma. E ele sabe disso, por isso não a corta. A casa enche-se de musica, com ele sentado ao piano ou a tocar ukelele. Os jantares fazem-se na varanda, à luz de velas. Vamos passear, vamos à praia, fazemos caminhadas. Enfim, estar com ele é uma festa.
Mas ao mesmo tempo, é um trabalhão controlar este meu impulso e não fazer dele uma batalha campal diária.
Vimos os actores deste filme e o próprio Tarantino em Berlim. E hoje fomos ver o filme com o nosso filho, que se estreou em Tarantino. O filme não desilude, apesar de eu achar que tem muito menos violência do que aquilo que é normal no Tarantino de outrora. Mas gostamos muito.
Ontem fomos fazer a estreia do carro ate ao Algarve e festejar o aniversario dos meus cunhados mais velhos. Praia durante a tarde, e depois jantar de aniversario. Ontem conseguimos ter os cinco irmãos juntos um dia inteiro! Chegamos a casa as duas da manhã, por isso hoje temos estado em modo standby. Caminhada ao final da manhã, almoço tardio e cinema.
Nos últimos meses a vida tem-me ensinado que vivo depressa e com stress a mais.
Vou dar dois exemplos:
Tive que mudar de carro na empresa. Os carros que temos são entregues à empresa de leasing quando chegam os novos. Encomendei o meu novo em Março e a previsão de chegada era Setembro. Comecei o processo de reparação de todos os riscos e risquinhos do carro actual em Abril. Demorou semanas e semanas, muitos telefonemas, seguros pelo meio, oficinas, etc. O meu marido, tranquilissimo, dizia-me que devia deixar tudo em standby, que tratasse do assunto só em Agosto. Eu não lhe fiz caso e continuei na saga de tentar ficar com o carro pronto o mais depressa possível. Chamadas sem fim para a seguradora e para a oficina, muitas camadas de nervos. Então não é que no dia em que o carro ficou pronto da oficina, chegou o novo? Precisamente no mesmo dia.
Agora o meu ultimo stress tem sido os livros da escola. Normalmente, mal a escola acaba, eu encomendo os livros para o próximo ano. Em Agosto já tenho os livros todos em casa, forrados. Este ano, foi o primeiro ano que recebemos vouchers do estado para os manuais. O processo é novo para mim, ninguém sabia como funcionava, foi uma luta para perceber o que tinha que fazer. Andei às aranhas. O meu filho a pressionar, que não tinha livros e como é que ia ser e bla bla bla. A semana passada comecei a ficar preocupada porque os vouchers deviam ter saído a 1 de Agosto e nada. Comecei a mandar emails para a plataforma, para a escola, para o director de turma. Ontem andei numa fona com tudo isso, porque vou de férias e não queira deixar o assunto pendurado. Hoje, numa das minhas típicas insónias, andei as voltas com isso na minha cabeça. Pois neste stress todo, esta manhã, quando me levantei, já tinha o voucher no email. A primeira coisa que fiz foi ir a livraria levanta-los e comprar os livros de fichas correspondentes. Só falta um livro, que ficou encomendado.
Moral da historia, tudo se resolveu, no devido tempo e eu não precisava de andar num stress medonho, preocupada e a gastar neurónios.
Ontem fui fazer a caminhada de manhã, almoçámos e estive a tarde toda a escrever a historia da minha sogra. Tinha o ultimo relato no gravador para ouvir e consegui terminar. Agora falta rever tudo, ver se falta alguma coisa e tentar concluir. Depois da escrita, fui com o meu filhote ver este filme. A historia de um bizarro assalto a um banco na Suécia, que fazendo reféns, cria a definição da Síndrome de Estocolmo, já que as vitimas empatizaram com o criminoso e raptor, tanto que o defenderam da policia. Tendo sido uma situação completamente nova e diferente, esta estranha empatia com o raptor foi baptizada com o nome da cidade onde ocorreu o assalto.
Com o tempo de Primavera que está, sem yoga, fui fazer uma caminhada de manhã, fiz o almoço e enfiei-me a tarde toda na cabeleireira, enquanto trabalhava no computador. Adiantei imesno trabalho para segunda-feira. Programa mais deprimente não há.
"Nova Iorque, década de 1970. As esposas de três mafiosos irlandeses são confrontadas com o facto de os maridos, criminosos, serem apanhados pelo FBI. Com eles a cumprir uma pena de prisão durante três anos, elas ficam sem saber o que fazer. Com pouco dinheiro e incapazes de arranjar um emprego que garanta a sobrevivência das respectivas famílias, as três mulheres tentam encontrar uma alternativa. Para isso, decidem unir esforços e continuar o negócio dos maridos. Contudo, sendo mulheres num mundo dominado por homens, elas vão ter de endurecer os seus corações e mostrar de que material são feitas."
Uma comédia de acção que vale muita a pena ver e que apesar de ser ficção mostra a realidade de uma Nova Iorque empestada pela máfia italiana e irlandesa, não há muito tempo atrás.