Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Contos sem nó

As minhas histórias

Contos sem nó

As minhas histórias

30.06.14

Dor de alma*


Lila

Não recordo a data concreta.

Não sei bem nem o dia nem a hora em que me apercebi desse amor que me dominava.

Mas sei que me doeu.

Doeu-me a vida que ele viveu sem mim.

Doeu-me o amor que senti e que se instalou de armas e bagagens, que dominou o meu coração e a minha alma.

Nesse dia, doeram em mim as mãos das outras que o já o tinham tocado antes, os braços que o abraçaram, os lábios que o beijaram.

Doeu-me a tristeza de não o ter tido mais cedo, de não o ter tido desde sempre.

Sucumbi a uma tristeza cuja natureza se revelou tão desconhecida como a violência com que se manifestava em mim.

Foi uma tristeza dura, insuportável, um querer não querendo, um sofrer quase que morro, mas não deixo de te amar.

Então, decidi que nunca mais me podia separar deste homem.

Que o único que queria era fazer-me velha ao seu lado, ver o seu rosto todas a manhãs, ver o seu rosto antes de adormecer a cada noite, e querer morrer antes dele.

 

*texto saido da gaveta

29.06.14

A maior dor


Lila

Não a conheço pessoalmente, mas quando uma pessoa nos entra em casa todos os dias, parece-nos amiga.

Para além disso e principalmente, é mãe.

Nenhuma mãe devia passar pelo que Judite de Sousa está a passar.

Os filhos não deviam partir à frente dos pais.

O meu coração está com esta mãe e com a sua dor.

A maior das dores que se pode sentir.

 

29.06.14

Drama de ir à praia sozinha


Lila

Hoje o dia estava para lá de espectacular e as 4 horinhas que passei esparramada na espreguiçadeira souberam-me a céu.

Acabei o livro da Rita Ferro e amei. Ainda para mais, enviei-lhe uma mensagem por FB e ela respondeu. Muito querida!

Bem, mas o drama de ir á praia sozinha:

-Não ter quem me ponha creme nas costas.

Parece nada, mas pode suceder que apanhe um escaldão. Só não aconteceu porque não me virei de costas ao sol.

Era só isto.

 

29.06.14

57


Lila

Se eu fosse uma blogguer famosa e me pedisse conselhos para emagrecer, eu daria uma única resposta: estar sozinha.

Incrível como eu me controlo e faço zero disparates quando não tenho cá o meu marido.

Saladas, sopinhas, chazinhos.

Onetm para a  praia, levei uma sanduíche , fruta e uma salada, zero tentações.

Claro que, passados poucos dias a balança mostra-me o 57, numero que vejo muito raramente.

O meu peso normal esta entre os 58,5 e os 59,5, e assim ando de um extremo ao outro e só quando aparvalho muito ultrapasso o limite ( e eu aparvalho algumas vezes).

O mesmo não se pode dizer do passar do limite inferior. Parece uma parede aquele limite.

Não acontece facilmente, dai hoje ter ficado emocionada. .)

28.06.14

Dia nim


Lila

Estive para ir, depois para ficar, depois para ir, depois já não, e acabei por achar que sim, quanto mais não fosse para sair de casa.

Fiz o saco e lá fui eu.

Quando cheguei só me apetecia fugir.

Estava um frio, até chegou a pingar.

Mas valeu a pena aguentar ali uma horinha desagradável, porque depois abriu e veio um sol quentinho.

Li, e estive a olhar para o mar, para esvaziar a mente.

Já estou em casa e o balanço foi positivo.

Até consegui uma corzinha e tudo.

 

28.06.14

Home alone-considerações


Lila

Levanto-me e percorro um corredor de portas fechadas à chave.

Tenho a obsessão infantil de fechar todas as portas interiores da casa antes de me deitar, assim, se um amigo do alheio entrar pela janela de uma das divisões, não consegue aceder ao resto da casa facilmente.

Quando estou sozinha, acabo por não abrir as portas durante o dia.

O quarto e a casa de banho do JA, o escritório do A e as vezes até a sala, permanecem fechados durante dias a fio.

A utilização da casa limita-se á cozinha, e ao meu quarto.

 

Dou por mim a tomar banho à noite e a perfumar-me, como faço quando o A cá está.

Não vale a pena o gasto da colónia, mas é um hábito.

 

O meu filho tinha prometido vir passar o fim de semana comigo, mas acabou por ser tentado por um sem numero de actividades no Algarve,  com as quais uma mãe não consegue competir.

Deixei-o ficar.

Ele merece gozar as férias, teve excelentes notas e hoje soube que entrou no Conservatório, em piano.

É mesmo o nosso orgulho, o meu filhote lindo.

 

Estar sozinha tem vantagens, fazer só o que me apetece, não cozinhar praticamente nada (ando movida a gaspacho e saladas), ir ao cinema depois do trabalho, ver a TV que me apetece, dormir atravessada na cama.

 

Estar sozinhas tem desvantagens e uma delas é o aumento da conta da luz (durmo com a luz acesa, sim, podem gozar).

 

Na verdade, tenho saudades daquelas duas pestes.

27.06.14

Querido pai


Lila

A SIC fez uma reportagem sobre a emigração dos pais, fenómeno cada vez mais frequente em Portugal.

E focou tão bem como sofrem os filhos e as mulheres que ficam para trás, as dificuldades que passam todos os dias, o vazio que preenche todo o espaço.

O meu marido não é emigrante.

Este ano, ao contrario dos dois anteriores, foi bastante tranquilo, passou muito mais tempo cá, do que lá fora.

Mas eu e o JA sabemos bem o que é estarmos sozinhos, apesar de nunca termos estado mais do que um mês sem ele.

Não posso nem imaginar o que será estar seis meses, um ano, sem ver o pai.

E o que mais me emocionou, foi ter-me reconhecido na cena final, em que se vê mãe e filhos à espera do pai, no aeroporto.

Obviamente, que á chegada, a atenção do pai vai para o filho, a juntar ao desconforto que n´so adultos sentimos no reencontro.

E ali ficamos nós, mães e mulheres, sem saber se rimos ou choramos. Demora tempo a reconquistar a intimidade.

Queremos beijar muito, abraçar mais e recuperar todos os beijos e abraços perdidos, mas não nos sai o carinho.

Ficou reprimido por tanto tempo, que assim, de repente, não sai.

Até eu, que viajo no máximo 5 dias de cada vez, sinto isso no regresso.

Tenho pena, muita pena, que Portugal esteja a criar famílias assim.

Sofridas, sem alegria, sempre à espera.

Porque a vida é hoje.

E este pais tornou-nos em pessoas sempre com um olho no dia seguinte, anulando o dia de hoje.

Á espera que volte, á espera que seja melhor.

Porque o dia de hoje dóitanto na alma, que a única forma de sobreviver é ter esperança e pensar no futuro.

 

 

 

Pág. 1/5