É a coisa da roupa não poder ir secar na corda, é a coisa da pessoa não poder passear, é ter que por os pés dentro de sapatos fechados e é levar com uma dura realidade na tromba:
O meu filho cresceu muito e a roupa do ano passado não serve.
Chegar a casa e adiantar o jantar, organizar as coisas em casa para a limpeza das minhas fadinhas amanhã, tirar a roupa para o JA.
Depois, uma hora a andar a uma velocidade alucinante, um footing mesmo intenso, para ver se apagava tudo da minha cabeça.
Chegar a casa com o jantar já pronto e os meus dois homens á espera.
E ainda fazer um step manhoso a tirar tudo de dentro da despensa, para que amanhã seja limpa (foi a única coisa que escapou á limpeza geral do outro dia).
Máquina de roupa e da loiça a lavar.
Atirei-me para cima do sofá e só me apetece desmaiar.
O nosso amor chega sempre ao fim Tu velhinha com o teu ar ruim E eu velhinho a sair porta fora Mas de amanhã algo estranho acontece Tu gaiata vens da catequese E eu gaiato a correr da escola Mesmo evitando tudo se repete O encontrão, a queda, e a dor no pé que O teu sorriso sempre me consola
No nosso amor tudo continua O primeiro beijo e a luz da lua O casamento e o sol de janeiro Vem a Joana, a Clara e o Martim Surge a pituxa, a laica e o bobi E uma ruga a espreitar ao espelho Com a artrite, a hérnia e a muleta Tu confundes o nome da neta E eu não sei onde pus o dinheiro
O nosso amor chega sempre aqui Ao instante de eu olhar pra ti Com ar de cordeirinho penitente Mas nem te lembras bem o que é que eu fiz E eu com isto também me esqueci Mas contigo sinto-me contente Penduro o sobretudo no cabide Visto o pijama e junto-me a ti de Sorriso meigo e atrevidamente
Ao teu pé frio, encosto o meu quentinho E adormecendo lá digo baixinho Eu vivia tudo novamente