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Contos sem nó

As minhas histórias

Contos sem nó

As minhas histórias

27.09.13

Esta chuva tambem tem outro inconveniente


Lila

É a coisa da roupa não poder ir secar na corda, é a coisa da pessoa não poder passear, é ter que por os pés dentro de sapatos fechados e é levar com uma dura realidade na tromba:

O meu filho cresceu muito e a roupa do ano passado não serve.

Vai comprar roupa e não pies.

 

26.09.13

Morta


Lila

Cruzei-me no cabeleireiro com uma figura publica (politica) nacional, mas da nossa cidade e  já conhecida por não dever muito à higiene.

Digo ao meu marido que a vi por lá (decerto porque neste fim de semana há eleições) e ele responde:

-Ah, sim? E essa ainda está viva?

 

E é nessa altura que eu percebo que afinal, o mau cheiro da mulher pode ser disso.

Está morta e ninguém lhe disse nada.

 

26.09.13

Grande maluca


Lila

Ontem o meu filho tinha esgrima e foi o pai quem o levou.

Há dois anos, a esgrima era no centro da cidade e eu fazia os meus footings enquanto ele lá estava.

Cheguei a ter um movimento de mães a juntarem-se a mim e era bastante divertido.

Há um ano que a esgrima mudou para fora da cidade, num sitio bastante ermo e isolado, para o qual tem que se ir de carro.

Ontem, o pai levou o JA à esgrima e eu fiquei a trabalhar.

Mas depois tive uma ideia brilhante.

Ir lá ter a pé, e aproveitava para fazer a caminhada.

Avisei o meu marido da façanha e recebi de volta a mensagem de que o caminho era perigoso, talvez fosse melhor não ir.

Eu, que sou uma rapariga esperta, recordei o caminho que faço de carro até lá e achei que o fazia sem dificuldade.

E lá fui.

O pior é que agora anoitece muito cedo e quando cheguei a meio do caminho, já estava muito escuro.

E as estradas, nacionais, não têm passeio, quase não têm berma e não possuem iluminação. 

A dada altura, eu nem via onde punha os pés.

Tudo escuro, nem uma alma a vista, com excepção dos carros que passavam de vez em quando e que iluminavam parte da estrada.

Os carros passam a uma velocidade alucinante e pensei mesmo que ia ser atropelada, sem sitio na berma para me desviar.

Quase oito quilómetros depois, apareceu o meu marido, estava eu já a chegar lá.

Ficou boquiaberto de eu estar ali, pensava que a meio caminho, me tinha dado conta do perigo e tinha voltado para trás....

Voltei de carro para casa, com o coração aos pulos por causa do perigo que corri.

E ainda levei um raspanete, absolutamente bem merecido.

25.09.13

Coisas que me estragam o dia


Lila

 

Estender roupa, sair para trabalhar e ver que começa a chover quando já vou a caminho de Lisboa.

É que muitas vezes o dia parece que se vai aguentar mas depois descamba.

E hoje, dia de limpeza, há lençóis, toalhas, tapetes e afins para lavar e enxugar (e depois para passar a  ferro, blhac)

E só quem  estende e apanha e lava roupa, sabe o que custa apanhar a roupa da corda ainda mais molhada do que quando se estendeu.

É todo um processo que tem que se repetir, todo o trabalho outra vez, já para não falar no gasto de água e de luz adicional.

Esta é uma das coisas que eu odeio no tempo frio.

De Verão, tudo enxuga rápido, não há cá destes dramas existenciais.

 

24.09.13

Fim do dia


Lila

Chegar a casa e adiantar o jantar, organizar as coisas em casa para a limpeza das minhas fadinhas amanhã, tirar a roupa para o JA.

Depois, uma hora a andar a uma velocidade alucinante, um footing mesmo intenso, para ver se apagava tudo da minha cabeça.

Chegar a casa com o jantar já pronto e os meus dois homens á espera.

E ainda fazer um step manhoso a tirar tudo de dentro da despensa, para que amanhã seja limpa (foi a única coisa que escapou á limpeza geral do outro dia).

Máquina de roupa e da loiça a lavar.

Atirei-me para cima do sofá e só me apetece desmaiar.

 

24.09.13

Tão, mas tão bonito.


Lila

Algo Estranho Acontece

António Zambujo

O nosso amor chega sempre ao fim
Tu velhinha com o teu ar ruim
E eu velhinho a sair porta fora
Mas de amanhã algo estranho acontece
Tu gaiata vens da catequese
E eu gaiato a correr da escola
Mesmo evitando tudo se repete
O encontrão, a queda, e a dor no pé que
O teu sorriso sempre me consola

No nosso amor tudo continua
O primeiro beijo e a luz da lua
O casamento e o sol de janeiro
Vem a Joana, a Clara e o Martim
Surge a pituxa, a laica e o bobi
E uma ruga a espreitar ao espelho
Com a artrite, a hérnia e a muleta
Tu confundes o nome da neta
E eu não sei onde pus o dinheiro

O nosso amor chega sempre aqui
Ao instante de eu olhar pra ti
Com ar de cordeirinho penitente
Mas nem te lembras bem o que é que eu fiz
E eu com isto também me esqueci
Mas contigo sinto-me contente
Penduro o sobretudo no cabide
Visto o pijama e junto-me a ti de
Sorriso meigo e atrevidamente

Ao teu pé frio, encosto o meu quentinho
E adormecendo lá digo baixinho
Eu vivia tudo novamente