Há alturas na nossa vida em que tudo o que julgamos certo é posto em causa.
Momentos em que somos obrigados a ver a vida pelos olhos dos outros, abandonando o nosso ponto de vista, certo ou não.
Há dias em que a voz do coração tem mesmo de falar mais alto.
A nossa felicidade depende muito da felicidade daqueles que amamos, e se por eles é preciso mudar de opinião, dar uma volta aos planos, refazer os sonhos, mudar de vida, que assim seja.
Amar também é isso.
Partilhar sonhos, fazer parte deles.
Abrir mão e atirar-se de cabeça, quanto mais não seja, para ver "aquele" sorriso no olhar.
Passei toda a minha infância a ir lá muito amiúde, e as memórias envolviam sempre muita comida, cheiro a lareira, beijos de tias e primas que tinham bigode e que viviam em casas de pedra, no Norte profundo.
Há uns 16 anos que não ia lá e ontem foi um misto de emoções.
Ver a minha prima, que tem pouco mais do que um ano do que eu, com duas filhas, uma delas já muito crescida, uma mulherzinha.
Ver os meus tios, que se mantêm iguais ao que eu me lembrava, apesar de terem muitos mais anos.
Ver a alegria do meu pai por nos ter lá.
Ver o meu filho feliz, a brincar no quintal da prima, a jogar a bola, a respirar o ar do campo.