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Há uma coisa que me faz sentir a rotina do trabalho, escola, fazer jantar, orientar os TPC, fazer as coisas da casa, mesmo quando ela ainda não se instalou.
E essa coisa é estar na cozinha a fazer alguma coisa, com a novela da tarde como barulho de fundo.
Já falta pouco para essa azafama.
Mas esta ausência é a pior de todas.
Porque não sendo na Europa, há duas coisas que tornam a comunicação quase nula.
A diferença horária e o preço das chamadas telefónicas.
Por isso, a solidão desta vez é muito maior.
Não há-de ser nada, a tudo nos habituamos nesta vida.
Dormi bem (coisa rara e nunca vista nos últimos tempos) e por isso, estava cheia de energia esta manhã.
E assim, equipei-me e lá fui.
Uma hora e dez minutos a trabalhar estas pernocas,hora e tal que me soube pela vida.
Não há nada como treinar ao ar livre para limpar a cabeça e encher o coração de sol.
Lembro-me como se fosse hoje.
Do choque da noticia.
De me parecer uma verdadeira injustiça.
Tenho tanta pena dos filhos dela.
Eles sim, perderam muito, com esta ausência abrupta duma mãe carinhosa, infeliz e sofredora.
Pode ser?
Reportagem da SIC a passar agora.
Vale sempre a pena voltar a lembrar o que parece esquecido.
42000 infectados, o país com maior taxa de infectados na Europa Ocidental.
Do meu filho e do meu neto Champ.
Estão os dois a divertir-se à grande com o avô, mas o que é certo é que me fazem muita falta cá em casa.
E pronto.
O homem partiu de armas e bagagens para a Argentina.
Vai trabalhar num dos meus destinos de sonho, Buenos Aires, ou não fossemos nós amantes de tango...
Com ele foi o meu coração, a minha alegria e a minha vontade de fazer coisas.
Serão umas longas semanas de angustia e de solidão.
Nada a fazer, não me consigo habituar.
Sei que ele vai adorar lá estar, mas isso não me consola nem um bocadinho, tenho que ser sincera.
Só me apetece morrer.
Ainda para mais porque o outro homem da minha vida está tambem longe.
Raios os partam e mais a mania de me abandonarem á minha sorte, pá!