Valha-me Deus!
O meu filho queria trazer os bichos da seda para o duche.
Acho que vão ter um fim triste, pobrezinhos.
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O meu filho queria trazer os bichos da seda para o duche.
Acho que vão ter um fim triste, pobrezinhos.
Quando o meu marido não come em casa.
Quando ele está, é só petiscos e tentações e copos de vinho antes do jantar e mais sei lá o que.
Ele vai embora e eu fico uma verdadeira monja alimentar.
Ontem, cheguei de Madrid já quase na hora de jantar. Ele tinha levado o pai ao aeroporto, com a avó (não, não nos encontrámos) e tinha uma carinha triste.
"Não gosto desta nova vida sem o papá.
Gostava mais da vida velha".
E ali fico eu, a tentar inunda-lo de mimos, enquanto fazemos as tarefas da nossa rotina, agora novamente a dois, depois de um fim de semana a 3 e depois de ele ter ficado sozinho com o pai dois dias, sem a mamã das regras por perto.
Eu odiei ter desperdiçado dois dias com o meu marido (fui para Madrid as 5h30 de segunda, blach), mas ao mesmo tempo, foi bom para o meu filho ter o pai só para ele.
Papel difícil, o meu.
Vida difícil esta, a nova que todos temos.
Mas os meus amigos espanhóis dizem que é só uma capa para o telemóvel.
Outra vez.
E o mais divertido de tudo é que, quando regressar a Lisboa, o meu marido está a partir para Pamplona.
Pode ser que ainda nos consigamos ver no aeroporto.
...
Qualquer dia escrevo um livro.
Dormir abraçada a ele.
Tomar pequeno almoço na cama, com o filhote aos pulos á nossa volta, numa excitação doida, entre abraços e beijos melosos.
Sair para tomar café na nossa esplanada e depois comer sardinhas no nosso restaurante de sempre.
E depois, ao final da tarde, caracóis e cerveja com groselha, sem ter mesmo que pedir, apesar de não irmos aquela tasca há um ano.
(agora há estudo de português e de piano por aqui, sem reclamar, sem birras, só porque o pai está por perto...Que manhoso!!!!!)
Começar o fim de semana a levar uma bruta de uma injecção no rabiosque.
Voltei muito preocupada com a sanidade emcional do meu filho por estes dias, mas ao mesmo tempo muito mimada.
Os meus coleguinhas enchem-me de mimos, são mesmo uns amores.
E acabámos por nos divertir muito, no meio de tantas horas de trabalho nestes 5 dias.
Já não podia aguentar mais e fui ao fisiatra.
Foi-me diagnosticada uma tendinite.
Levei logo uma injecção dose cavalar e agora vou fazer uma série delas, mais comprimidos e se nada disto resultar, fisioterapia.
Eu tentei explicar ao senhor doutor que eu não tenho vida para fisioterapia, mas acho que ele não percebeu.
A greve deu-me cabo dos nervos e fez-me chegar a casa de madrugada.
Mas ainda assim cheguei, o que já não foi mau.
Quando estava a apanhar uma seca de 5 horas no aeroporto em Orly liguei á minha sogra.
Atendeu o meu filho que fez uma cena de mimo, que estava á minha espera, que já não queria dormir na avó, que queria ir para casa.
Fiquei com o coração despedaçado e prometi-lhe que, fosse a que hora fosse, eu iria busca-lo.
Quando liguei mais tarde á minha sogra para lhe perguntar se podia faze-lo, apanhei-a de surpresa.
A conversa comigo tinha sido enquanto ela tomava banho e dai a cena.
É que em frente á avó ele nunca diz estas coisas, deve ter receio de a magoar, por isso atendeu o telefone sozinho e desabafou.
A santa da sogra veio para a minha casa esperar que eu chegasse, para que ele pudesse dormir na cama dele.
Cheguei já passava da uma da manhã.
E uns minutos depois o meu filho estava a pé, com uma pulseira na mão, feita por ele para me oferecer.
Quando finalmente me deitei, ouvi os seus passinhos e lá estava ele na minha cama, abraçado a mim.
Hoje acordou tipo lapa, carente, cheio de mimo.
E eu estou destroçada com a minha vida.
Valeu-nos aos dois que o pai chegou, depois de 3 semanas de ausência.
E foi ver o brilho nos olhos dele ao ver o pai, a abraça-lo a puxar-me para o abraço, "todos juntos, todos juntos"...
Isto assim, é muito difícil de aguentar, principalmente sabendo que segunda estou de saída lá pelas 5 h da manha e o pai provavelmente também...
Vida dura esta, caramba.