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Contos sem nó

As minhas histórias

Contos sem nó

As minhas histórias

29.08.11

Como não podia deixar de ser...


Lila

Encontrei uma cliente minha neste fim de semana, hospedada no mesmo hotel que nós.

E ficou aquela situação um bocado desconfortável de vermos uma pessoa que habitualmente encontramos vestida formalmente e de bata, na piscina de fato banho e eu de biquinizinho...

Sinto-me sempre um bocadinho mal, confesso.

Uma vez, estava na piscina onde o meu filho fazia hidroginástica, já de fato de banho, pronta para entrar na água e apareceu-me á frente o então bastonário da ordem dos médicos, meu cliente, que andava por ali, a um Sábado de manha a fazer uma visita.

E lá cumprimentei o senhor, muito embaraçada, sentindo-me nua e á procura de um buraco para desaparecer...

O pior é ter de ouvir o meu marido a dizer que eu não posso ir a lado nenhum e passar despercebida...

Há sempre alguém que me conhece.

29.08.11

Isto de o Agosto estar a acabar dá-me cá uns nervos...


Lila

Eu sei que chega a Setembro e eu já não posso com as roupas de Verão e já me apetece um casaco comprido, até porque as roupas de Inverno são sempre indiscutivelmente mais bonitas do que as de Verão.

Há mais combinações possíveis, os casacos compõem imenso um look e os tecidos são mais ricos.

Mas tenho tanta pena que o Verão se vá.

Especialmente este, que não vivemos como é habitual.

Vou ter tantas saudades da praia (embora tencione ir até Outubro, se o tempo permitir...), das petiscadas, e de andar de pés "de fora" ou seja, de sandálias, chinelos, sem meias.

A parte de voltar a calçar sapatos dá-me conta do sistema nervoso, a sério.

Os meus pés foram feitos para estar descalços ou pelo menos pouco calçados.

Nada me consola mais do que chegar a casa de Inverno e descalçar-me.

Tudo o que são botas e sapatos fechados me estagnam.

Mesmo quando são estupidamente bonitos.

Não há nada a fazer.

 

 

29.08.11

Do fim de semana


Lila

Os dois dias em que o Afonso cá está passam a correr, isso é certo.

Mas desta vez fizemos o tempo abrandar e estivemos os três bem juntinhos, a aproveitar a praia, a piscina e a comida maravilhosa do local escolhido para o nosso refugio.

Até tivemos direito a um mimo especial, com morangos e champanhe, pareciam eles que estavam a adivinhar que precisávamos de dose reforçada de romance...

O jantar de Sábado foi soberbo e eu só me lembro que comi até rebolar.

Obviamente que esta semana estou a pão e água mas valeu bem a pena o castigo...

 

 

26.08.11

O meu vizinho é mais maluco do que o teu VI


Lila

Esta semana pediu-me desculpa duas vezes.

Ou melhor, uma vez foi a mim, e a outra era ao Afonso, mas ele não estava, então voltou a pedir-me a mim.

E tinha a voz arrastada.

Perguntei-lhe se estava melhor e respondeu que sim, ia melhorando.

Juro que fiquei com pena.

Doenças de cabeça são mesmo muito tristes.

Ontem ao serão já estava na dança do bate portas outra vez.

De madrugada saiu e entrou não sei quantas vezes e na ultima, saiu de carro com a luzes apagadas.

A forma como caminhava demonstra que já não está a fazer a medicação (medicado não anda, arrasta-se...).

De maneiras que eu já liguei para a vizinha que tem o numero da ex mulher dele, para que esta saiba e tome medidas.

É que segundo me contaram, o senhor tem intenção de se mudar para que definitivamente.

 

Nota 1: Alguém sabe de uma casa jeitosa para eu comprar?

Nota 2: Como é que eu sei destes pormenores nocturnos do homem? Muita insónia e demasiado tempo nas mãos.

 

26.08.11

O que eu aprendi aos 30.


Lila

(texto escrito para a revista Cosmopolitan- Setembro)

 

Apesar de ser uma mulher assumidamente stressada, aos 30 comecei a aprender a relaxar.

Há coisas com as quais temos que lidar, não há mesmo volta que lhes possamos dar e mais vale respirar fundo e deixar andar, que dar dois gritos e perder a razão.

Aprendi que afinal, a idade de ouro de uma mulher não são os vintes, perdoem-me as moçoilas viçosas, mas é mesmo assim.

Os trinta, são os novos vinte.

E com a vantagem de que já não temos que provar nada a ninguém, na maioria dos casos, a fase das conquistas já passou, e podemos ser bonitas e interessantes para nós mesmas.

Aos trinta, as primeiras rugas, aquele cabelo branco que insiste em aparecer, apesar de já o termos arrancado umas quarenta e cinco vezes, são encarados, apenas e só  como sinais de experiência, de coisas boas e menos boas  vividas, de trabalho bem feito, de noitadas, de discussões que ganhámos e de outras que perdemos.

Com trinta, aprendi que muito provavelmente só me voltariam a chamar por " menina" numa loja, quando fosse ao Porto. No resto do mundo sou tratada por "senhora".

Aos trinta descobri que aquele quilo a mais não se vai embora da minha anca se se sentir ignorado. Muito pelo contrário. Ele só vai partir de mala feita se eu lhe der guerra, pura e dura. Coisa que aos vinte não precisava acontecer.

Aos trinta descobri que ser mãe é o melhor sentimento do mundo, mas também a tarefa mais ingrata e difícil na vida de uma mulher.

Aos trinta descobri que realmente não vale a pena lutar contra o tempo, que a gravidade não é um conceito que se aplica só no espaço, mais vale prevenir do que remediar...

Aos trinta já não me encho de inveja ao ver a "quase que parece um modelo fotográfico" que corre atrás de um autocarro em cima de uns saltos agulha,sem os prender na calçada portuguesa,  sem perder a postura, sem esborratar a maquilhagem perfeita.

Porque já percebi que aquilo não é charme, mas sim falta de dinheiro para comprar um carro...

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