Não foi uma decisão tomada por mim, o meu homem ofereceu-me a viagem, tudo marcado para dois, filho excluído e rótulo de uma celebração de aniversário á antiga.
Só desta forma é que eu o deixava cá, ele já sabe que a mim me custa horrores.
Eu sei que a avó adora ficar com ele, eu sei que ele se diverte com a avó e com os tios, que fica cheio de mimos.
A minha sogra faz gosto e sabe que é importante para nós estarmos uns dias sem ele.
Mas o meu coração não consegue racionalizar isso.
Fico com um sentimento de culpa do tamanho do oceano atlântico.
Aliás, só no ano passado, já ele tinha 5 anos, o deixei um fim de semana para irmos a Roma.
E posso dizer que foi fabuloso depois de lá estar. Até ir, andei a choramingar pelos cantos, feita Madalena arrependida.
E reconheço que este momentos nos fortalecem como casal, são memórias dos tempos que éramos só o Afonso e a Lila, o casal que originou o Afonso, a Lila e o Ja.
Mas materializar a coisa, deixa-me numa angustia desgraçada.
New York não foi diferente.
Ainda por cima, desta vez era uma semana, com toda a burocracia da escola que isso implica, ás costas da avó.
Deixá-lo e despedir-me foi um horror.
Só quando entrei no avião é que respirei fundo e relaxei.
Gostámos mesmo muito e temos a noção de que esta viagem foi especial e diferente por ter sido só nossa, a celebração do nosso amor.
Mas as saudades dele foram imensas, não nego.
Quando chegámos, ele estava tão bem, tão alegre e tão bem disposto, que eu jurei a mim mesma que na próxima, já não vou angustiar-me tanto.
Ontem jantámos ás 11 da noite no Maritaca, com um casal amigo e depois fomos a uma festa na Kapital.
Fez há duas semanas 11 anos que eu não ponha os pés na Kapital.
Isto para dizer que fui lá na minha despedida de solteira.
Ontem foi uma noite muito divertida.
Obrigada, Luís e Rita pelo bom bocado que passámos juntos (como diz o Luís, foi uma reunião de donas de casa, para falar de crianças e de empregadas...).
Mas não, foi muito mais do que isso.
E as nossas gargalhadas a noite toda, fizeram prova.
Uma coisa fantástica nas viagens de longo curso, é ter um écran á nossa frente e 18 filmes recentes para escolher.
Assim, esta vossa amiga viu 5 filmes nestas férias, uns atrás dos outros, sem ter posto os pés no cinema.
Tudo graças aos filmes da Lufhtansa.
Alguma coisa boa em estar fechada num avião...
Amor á distancia- uma daquelas comédias românticas, coisa de gaja mesmo.
A rede social- foi mesmo giro e até surpreendente.
A mentira- outra comédia romântica que eu só veria na TV (arrastar o meu marido para uma sala de cinema para ver isto seria impossível).
A troca- Este era para ter ido ver ao cinema, até calhou bem ter visto no avião. Já agora, porque raio é que a Jeniffer faz sempre o mesmo papel nos filmes todos?
The town- Bolas, que filmaço! Sabem aqueles filmes que nos poêm com uma camada de nervos que até dá vómitos e não se consegue controlar?
As Levis estão a salvo, os meus batons Clinique novos, as minhas blusinhas novas, as prendas do meu filhote e da moira da avó que ficou com ele, e o Ipod nano cor de rosa, oferecido pelo meu esposo lá nos States, também.
Sou uma mulher feliz.
(Já para não dizer que a roupa já está finalmente lavada e estendida. Quase que apodrecia na mala...)