Está numa fase em que me surpreende todos os dias.
Com o vocabulário.
Com os mimos.
Com o tamanho.
Com a atitude.
Ontem disse-me com um ar ensonado " É possível que adormeça no carro."
Hoje, na praia, os dois a caminho do café, para comer um gelado:
"Existem 3 tipos de Deuses, os espíritos dos Índios, o Menino Jesus Cristo e os deuses do Egipto. Nós somos do Deus Cristo, não é?"
E com inflûencia do tio vegetariano " Mamã, não podemos comer carne de porco, é pouco saudável."
Abraçado a mim, na praia, " És tão fofinha...".
...
Ser mãe de um rapaz tem destas coisas. (também implica dedos do pé partidos e nódoas negras, mas essa já é outra faceta relacionada com ser mãe de um menino gigantesco...)
Hoje, ao sair da praia, tive uma sensação recorrente nesta altura do ano.
Um aperto no peito, como se estivesse a aproveitar os últimos dias com um amigo querido por perto, alguém de quem me vai custar muito despedir.
Os dias estão cada vez mais pequenos.
E mais dia, menos dia, o meu amigo Verão acaba.
Não sou do tipo depressiva, nem pouco mais ou menos, mas confesso que me invade a tristeza, quando penso que não tarda nada e temos que arrumar os chinelos e os calções, os vestidos frescos e os tops, os biquínis e as túnicas.
Eu sou Verão, apesar de ter nascido no mais rigoroso dos Invernos.
E só de pensar que os meus fins de semana de praia são substituídos por fins de semana de chuva ( por muito bem aproveitados que sejam) dá-me assim uma espécie de nostalgia.
E o pior de tudo é que ainda falta um mês para que o Verão acabe no calendário, mas os anúncios de regresso á escola e ao trabalho, os que anunciam "os últimos mergulhos e as últimas gatinhas", arrasam com o pensamento positivo de qualquer um.
É que é mesmo provável que em Outubro ainda me vejam na praia, mas os dias longos, o Sol escaldante e o mar ameno, esses, ficaram para trás.
Ontem já estava doente e ainda assim fui ao ginásio.
E levo com a professorinha mais irrequieta do planeta, daquelas que fazem os exercícios mais malucos, como se fosse o mesmo que comer canja de galinha.
Eu vi logo que a coisa tinha sido mázinha, que tanto esforço não me iria fazer bem á saúde.E acertei.
Hoje quando me levantei, doía-me tudo, menos a alma.
Juro que tenho dificuldade em levantar-me de uma cadeira, caminho com um andar novo e gemo de cada vez que cai alguma coisa no chão e eu tenho de me dobrar.
Não nada nas minhas pernas que não me doa, estou que não posso.
O lado positivo da coisa é que com estas dores, esqueço-me um bocado da constipação.