A rebolar
Estamos umas bolas bem rechonchudas.
É impossível resistir a tantas coisas boas!
Eu até estou mal disposta.
Vou passar a semana de dieta.
Sim, que no Domingo temos um baptizado!!!!!
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Estamos umas bolas bem rechonchudas.
É impossível resistir a tantas coisas boas!
Eu até estou mal disposta.
Vou passar a semana de dieta.
Sim, que no Domingo temos um baptizado!!!!!
Este fim de semana temos uma dose brutal de festas de aniversário.
Ontem o JA começou com a festa do Rodrigo, amiguinho do colégio antigo, festa que durou a tarde toda e teve direito a muitos pulos nos insufláveis.
A seguir fomos a festa da Lisa, filha de amigos nossos e por lá ficámos a comer que nem uns alarves até quase á meia noite.
Hoje, para acabar com a minha linha de vez, temos a festa da prima Catarina.
É que a mãe da Catarina, a nossa prima Ana Isabel, tem um danado de um dom para cozinhar, principalmente doces.
Maldita seja!!!!
Quando eu era pequena, o 25 de Abril tinha um significado especial. Não se tratava apenas de mais um feriado.
Tendo morado quase sempre numa freguesia comunista, as comemorações eram levadas á séria.
Havia fogos de artificio á meia noite, e durante todo o dia eram lançados morteiros, não fosse o pessoal se esquecer em que dia estava com o passar das horas. Enfeitavam-se as ruas.
Havia sempre bailarico na Sociedade Recreativa e senhoras a distribuir cravos vermelhos.
Faziam-se actividades desportivas pela manhã e almoçaradas a seguir.
Os meus pais, invariavelmente, recordavam esses dias em 1974. A minha irmã mais velha só se lembrava de não ter ido é escola e de terem passado desenhos animados o dia todo na televisão a preto e branco.
Os meus pais tiveram medo que se instalasse uma guerra, frescos ainda do terror da colonial, onde o meu pai tinha prestado serviço militar e de onde regressara felizmente ileso. Ficaram colados ao rádio, á espera de noticias.
Os meses que se seguiram foram muito duros, com rusgas a casas de particulares, e especialmente á dos meus pais, já que o meu pai fora nomeado regedor da terra por essas alturas.
A minha mãe contava que, em 75, tinha eu acabado de nascer, a PIDE levou o meu pai a prestar declarações e pensaram que já não voltava.
Que ficava por lá preso, bastava que alguém tivesse inventado e feito alguma denuncia de que colaborava com o antigo regime (coisa que acontecia com a maior das facilidades porque se dava crédito aos bufos...) e ficaria a mofar na prisão como tantos outros, naquele clima de suspeita de tudo e de nada que então se vivia.
Sei que nesse dia, esta então recém nascida ia ficando sem leite materno, por causa dos nervos que assolaram a minha mãe.
No 25 de Abril da minha infância, os meus pais faziam questão de que soubéssemos o que fora viver sem liberdade, no regime de Salazar.
Eu cresci com essa consciência, embora não fosse nascida na altura.
Mas tenho uma ligação forte ao 25 de Abril.
É que tendo nascido de tempo completo, em Janeiro de 1975, fui concebida em Abril de 1974.
No calor da revolução.
Ás vezes enfrento páginas insistentemente vazias.
Páginas que parecem não querer encher-se de palavras, que as repudiam com um ódio inexplicável.
Faço rabiscos, invento argumentos, mas as páginas não se preenchem.
Os enredos parecem-me demasiado irreais.
As ideias parecem-me demasiado gastas.
Fico a debater-me com os lugares comuns.
No momento em que baixo a guarda e me deixo levar pelo que realmente me inspira, sem filtros, sem medos, as páginas enchem-se e não tenho mãos a medir.
Eu fico a olhar para as coreografias do So you think you can dance? e só penso como é possível estruturar aqueles movimentos todos, e ainda por cima ensiná-los aos bailarinos.
É uma coisa que nunca na vida eu conseguiria fazer.
Respect!
Aqueles que me têm muito amor
Não sabem o que sinto e o que sou...
Não sabem que passou, um dia, a Dor
À minha porta e, nesse dia, entrou.
E é desde então que eu sinto este pavor,
Este frio que anda em mim, e que gelou
O que de bom me deu Nosso Senhor!
Se eu nem sei por onde ando e onde vou!!
Sinto os passos de Dor, essa cadência
Que é já tortura infinda, que é demência!
Que é já vontade doida de gritar!
E é sempre a mesma mágoa, o mesmo tédio,
A mesma angústia funda, sem remédio,
Andando atrás de mim, sem me largar!
You know what I mean?
Mas real.
O síndroma Florbela Espanca.
E com este sindroma, só tenho veia para a escrita quando estou profundamente triste.
(já tentei de tudo, mas não me consigo curar).
Há dias em que gostava de ser uma pessoa completamente diferente.
Ser mais bonita, ser mais magra, ser mais meiga, ser mais inteligente.
Há dias em que ser mãe me sufoca.
Noutros porém, sou a mãe mais feliz do mundo.
Há dias em que tenho saudades. Tantas.
Noutros, não sinto falta de nada, nem de ninguém.
Há dias em que gostava de ter feito tudo diferente, de ter jogado mais alto.
Noutros só me apetece ficar quieta, e esperar que se esqueçam que eu existo.
Há dias em que gostava de ter nascido no futuro, noutra época.
Noutros sinto-me ainda na idade média, sinto o peso dos longos vestidos e a pressão absurda dos espartilhos.
Há dias em quero viver noutro país, tomar outra língua como materna.
Noutros apetece-me apenas ficar em silêncio.
Há dias em que ser mulher me diverte e me enche de orgulho.
Noutros dava tudo para ter nascido homem.
Há dias em que o mar me faz tanta falta.
Em que preciso de parar, só para que tudo volte a ficar no lugar.
Noutros, enjoo com o balanço das ondas.
Há dias em que só o brilho das estrelas chega para me sentir mais leve.
Noutros, até as gotas de chuva me fazem vergar.
Há dias em que gostava de gritar menos.
Noutros dá-me gozo ficar rouca.
Há dias em que as músicas me enchem o coração e a alma.
Noutros perco-me nas notas e não encontro a pauta de regresso.
Há dias em que me apetecia ter menos idade.
Noutros, tenho saudades do vagar que terei no futuro.
Há dias em que me apetece escrever o dia todo, páginas e páginas que tenho guardadas na alma, á espera de tempo e de espírito.
Noutros, não sei, nem quero escrever uma letra que seja.
Há dias em que gostava de ser completamente diferente.
Mais bonita, mais magra, mais meiga, mais inteligente.
Noutros, porém, bastava-me ser apenas eu.
Jantámos cedíssimo. O JA comeu tudo sozinho e sem birras (que a hora do jantar pode ser um drama, não porque não goste de comer, mas porque já está demasiado cansado para fazer seja o que for...).
Agora, enquanto ele joga um bocadinho, eu organizo umas coisas em casa.
A ouvir música.
E amanhã é dia de passeio no Jardim de Infância, portanto prevejo uma hora de deitar agitada (muita excitação para um menino só...).