1- Comprei bilhetes para a primeira fila, armada em esperta. No fundo, foi para impressionar o marido, sim que-eu- não- te- compro- bilhetes- para- a- ultima- fila- da- galeria- que- isso- é- demasiado- reles- para- ti. Resultado, eu estava ao colo do pianista e o meu marido da violinista principal.
Eu ouvia a respiração da Maestro e via os poros da mulher do clarinete.
2- Os bilhetes foram carissimos. Resultado, o coliseu estava vazio. o que até me pareceu bem feito, para não irem com tanta sede ao pote. Por outro lado faz pena, dada a grandiosidade da orquestra.
3- O café do bar do coliseu é de saco.
Ninguem neste mundo devia servir café de saco.
O café de saco não é café.
È uma mistela que oscila entre água de lavar chavenas e terra de vaso.
4-Na fila atrás da nossa estava um grupo de amigas madeirenses, de 40 e tal anos, a conversar sobre a vida social, sobre as saidas, os jantares, as viagens.
Fiquei com saudades de voltar á Madeira e das pessoas com quem lá trabalhei.
Por outro lado percebi que já não estou longe da idade delas e a minha vida está a milénios de distância .
(Já para não dizer que não tenho um grupo de amigas assim agora, o que muito me entristece, quanto mais daqui a dez anos...)
5- O concerto foi bonito, se bem que cada vez mais me sinto distante da minha formação musical de base, que foi clássica.
Tava melhor no Leny, a abanar o capacete, mas enfim...
E acredito que também da história da maioria das pessoas da minha geração.
Quem não passou belas manhãs a ver os desenhos animados apresentados por este mito da animação?
Na minha memória ficou um em particular, animação feita com objectos, coisas do lixo a mexer...Aqueles filmes esquisitos da Checoslováquia de então.
Para os miúdos de agora, seria banal, ou mesmo rídiculo, mas para nós, , filhos de uma geração menos computadorizada, este senhor teve um papel muito importante na sanidade mental dos nossos pais.
Hoje parei na área de serviço de Pombal, em mais uma das minhas digressões pelo pais real e na TV não havia mais noticias no telejornal.
Só a gripe suina.
E eu a pensar, "Meu Deus, não me faças morrer com este vírus."
È muita humilhação.
Imaginem no meu funeral:
"Coitada, tão nova...
Morreu de quê?
Ah, foi com a suina..."
Eu, logo, eu, a rainha dos banhos, a rainha das limpezas, a rainha da piquinhice, morrer com uma doença tão...porca????
Ah, não, prefiro a das galinhas.
Sempre faz mais o meu género.
(e agora fora de brincadeiras, durante a tarde "caí na real" quando liguei para uma cliente minha do Curry Cabral e ela me respondeu com a maior das naturalidades:
"Desculpe, Dra, não marquei a reunião. Esta semana foi uma loucura por causa da gripe suina..."