Quando eu vim morar para Setúbal, recém-casada, era óptimo morar no centro da cidade.
A cidade tinha imensas actividades, podíamos passear á noite, a Feira de Santiago fazia-se ainda na avenida Luisa Tody, o que nos proporcionava Verões inteiros de serões a passear na feira, a assistir a concertos, etc.
De há alguns anos para cá esta animação foi-se degradando, a Feira mudou-se para longe do centro da cidade, impossível de ir a pé, os concertos escassearam, as ruas passaram a ser perigosas e ficaram desertas.
A Chamara municipal está a tentar mudar este cenário e organiza algumas actividades, festivais do mar, festa da cerveja, etc, que estão a puxar as pessoas á rua.
Ontem á noite, fomos a pé até á avenida para ir ao Festival do Rio e do Mar.
E foi muito bom, passear por uma avenida renovada (depois do massacre das obras durante anos), a noite estava fabulosa e divertimo-nos bastante.
Hoje, e como em todos os sábados, fizemos a caminhada pelas ruas da cidade velha, em direcção aos bairros antigos de pescadores, onde se come o melhor peixe assado do mundo.
As ruas estão povoadas de gente simples, misturada com dezenas de brasileiros, que invadiram as casas velhas destes bairros.
Há forró a sair das janelas, crianças a brincar nas ruas, um salão de cabeleireiro casa sim, casa sim, e muito mais animação do que antigamente.
O parque em frente á nossa casa tem este fim de semana o "Há festa no Parque" que também trouxe vida á nossa avenida.
Para finalizar o dia, fomos á pé até ao outro lado da cidade, comer caracóis. O JA na bicicleta e nós atrás dele, felizes por o vermos tão crescido.
A noite está maravilhosa, não me lembrava da ultima vez que sai á noite sem vestir um casaco!
E eu vinha pelo caminho, de mão dada com o meu amor, e a pensar que gosto de viver aqui, que me sabe bem estar perto de tudo o suficiente para não ter que utilizar o carro, que é bom estarmos numa cidade grande, que ainda preserva o espírito de aldeia em alguns aspectos.
A minha irmã mais velha fez 39 anos. E parece que foi ontem que andávamos á chapada pela casa fora num minuto e aos beijos e abraços no minuto seguinte, deixando a minha mãe louca.
A nossa primeira aventura aconteceu quando eu tinha meses.
A Dora quis dar-me um beijinho no carrinho e atirou-me oa chão.
Uma vez, atou-me uma corda á cintura e puxou-me por uma ladeira cheia de gravilha.
Eu caí, abri um joelho e ainda hoje tenho essa linda cicatriz.
Eu não me lembro, mas a minha dizia que só deixava que a minha irmã me tratasse a ferida (estupidamente, já que fora ela quem ma causara).
Brigávamos imenso, mas tambem erámos as melhores amigas.
Depois nasceu a Marisa, e a nossa cumplicidade aumentou, se bem que para mim, a Marisa fosse um tesouro.
Era a minha boneca viva.
Mas quando cresceu, eu e a Dora faziamos-lhe as maiores atrocidades, escodiamos-lhe coisas, comiamos-lhe os doces escondidos, falávamos entre as duas em inglês, para que não nos entedesse.
E ainda hoje, nos rimos disso.
Hoje tive as minhas manas juntas.
Há muito tempo que isso não acontecia, e é uma pena.
Rimos das mesmas piadas, fazemos os mesmos comentários.
Os nossos homesn tentam entrar, neste maravilhoso mundo, mas não conseguem. Entretêm-se uns com os outros.
As minhas manas estavam muito bonitas e os meus sobrinhso tambem.
E apesar de não termos escolhido o melhor restaurante, valeu por estarmos juntas.
Bom aluno, divertido, cantava, tocava viola nos intervalos entre as aulas.
Todos gostavam dele e nunca tinhamos tido a minima suspeita.
No ultimo ano, fizemos uma viagem de finalistas (eu não, que não tinha dinheiro para ir) ao México. As minhas melhores amigas foram e o Pedro tambem.
Por sua conta, bebeu alccol e desencadeou uma crise grave de esquizofrenia, algo que nunca nos tinha passado pela cabeça.
As minhas colegas depararam-se com um Pedro assustado, escondido no quarto dos rapazes, sem tomar banho, sem comer.
A minha colega Paula levou-o para o quarto das raparigas, tomou conta dele, estragou o resto da viagem, incapaz de o deixar daquela forma no quarto, sozinho.
Foi um drama traze-lo de volta no avião...
Tenho pensado muito no Pedro ao vêr o papel fabuloso que "Tarso" faz na novela da Sic que ando a seguir.
È absolutamente real o estado psicótico que ele ali representa.
Arrepiante.
E assustador (principalmente para quem é mâe e quer tudo de bom para um filho...).
Passava pela ourivesaria na Baixa, todas as sextas-feiras, quando vou buscar o meu filho ao infantário e fazemos o "circuito do gelado".
E ficava lá a namorá-la.
Chegou o dia dos namorados e nada.
Esperei pelo dia da mãe... e nada.
E eu a mandar bocas tipo "ai tão linda a pulseira da Nomination... e o anel então?
Ah, gosto tanto destas borboletas..."
E hoje, depois de tanto namoro, comprei o raio da pulseira maravilhosa, com as três borboletinhas...para a minha mana mais velha, que faz anos amanhã...
Eu devia estar contente, porque sei que ela vai adorar , porque nem sequer me matei a pensar como é habitual, e também porque ela merece uma prenda tão bonita...mas sabem que mais, estou um bocadinho triste.
O dinheiro só dá para uma e eu só faço anos para o ano.
Adeus pulseirinha.
Vou contentar-me a ver-te no bracito da minha mana.
(e sempre que for lá a casa, dou uma voltinha nela...)