Mas na sua falta, nos três anos que alternam com os de 29 dias em Fevereiro, comemorava a 28.
E apenas porque, apesar de ouvir comentários do tipo, "Ah, a 28 ainda não tinhas nascido", respondia sempre, "pois, mas Março não é o meu mês, o mês em que nasci foi Fevereiro."
E assim fazia, comemorava a 28, o ultimo dia de Fevereiro.
A minha mãe era uma mulher a quem a palavra mãe assentava como uma luva.
Casou aos 19 anos, foi mãe muito cedo, teve 3 filhas, a quem se dedicou de corpo e alma.
Estava sempre presente, em tudo, para tudo, como todas as mães deviam ser.
Saudades imensas, uma falta imensa, um vazio imenso.
E a mágoa de não poder partilhar o meu filho com ela.Teria sido, obviamente, uma avó fantástica.
Se a minha mãe fosse viva, celebrava hoje 41 anos de casamento.
Não posso deixar de sentir alguma nostalgia, até porque eu sei que era uma data que ela gostava de celebrar. Normalmente iam juntos á revista neste dia, estilo teatral que lhe agradava especialmente.
A minha mãe casou com 19 anos e viveu toda a sua curta vida para este casamento e para nós, as suas três filhas.
Estive o dia todo em reunião com o chefe e com uma colega muito histérica, com uma voz estridente.
Tenho trabalho até vir a mulher da fava rica e quanto mais penso nisso, menos me apetece fazer o que me falta fazer, até porque são só números e não me dá gozo nenhum.
Ainda estou no escritório e algo me diz que ainda tenho uma boa fila na 25 de Abril para aturar.
Hoje ainda é quinta-feira e amanhã já tenho duas visitas imbecis para fazer com uma delegada ainda mais imbecil que as visitas.
Estava um dia lindo, só apetecia parar em cada paisagem e desatar a tirar fotografias.
Para lá correu tudo bem, sem percalços, a habituar-me á ideia de, novamente e após uma pausa de 2 anos, as áreas de serviço das auto-estradas voltarem a ser as minhas melhores amigas.
A reunião com o cliente correu bem, matei saudades de algumas pessoas com quem já tinha trabalhado, nos tempos em que estava noutra empresa, mostrei as fotos do JA, etc, etc.
Para cá, comecei a espirrar que nem uma maluca e isto prolongou-se nas 2h30 de viagem.
De cada vez que espirro, fecho os olhos (já perceberam que fazemos isso, não? Ou sou só eu?) e então tornou-se um bocado perigoso vir a conduzir.
Fui ao ginásio e os espirros acalmaram, mas a dificuldade em respirar pelo nariz agravou-se.
No regresso a casa, a mesma dose de ranho.
Mas será que os pólenes de Castelo Branco estão mais agressivos do que os daqui?
Será que bastou mudar de ares para a alergia que eu não tinha há anos, regressar em força?
Isto foi fulminante, hem?
Bem, se é assim, e com a vidinha que eu tenho, acho que as áreas de serviço das auto-estradas vão partilhar a minha amizade com as farmácias de cada cidade, por esse país fora.
Hoje visitámos esta quinta, absolutamente fantástica. Joe Berardo excedeu-se na concepção do chamado Jardim do Éden, ou o éden dos Budas , onde dezenas de enormes budas ornamentam caminhos, espreitam por entre arbustos ou de tão gigantescos, nos fazem ficar boquiabertos.
O mais admirável, são os soldadinhos de Terracota que emolduram o pequeno lago e que fizeram as delícias do nosso filhote.
Confesso que não sou fã, talvez por nunca me ter conseguido libertar do trauma que me causava esta época na escola.
Um mês antes do Carnaval, começava a deixar de usar casacos novos, roupas novas ou recentes e andava num tronguedo só, com coisas das quais não gostava, ou já estavam perto de deixar de me servir.
Mascarada?
Nem por isso.
O que acontecia é que, todos os anos, por esta altura, começavam os ovos, os sacos de água com lixivia nas roupas, as bombas de mau cheiro, e outras coisas igualmente jeitosas.
Lembro-me perfeitamente de não conseguir ir ao bar da minha escola secundária, porque o corredor até lá tornava-se um campo de batalha.
Daí as roupas novas serem poupadas aos estragos.
Era um Inferno.
Não descia aos intervalos, andava na rua com medo, enfim, desejava ardentemente que o dia de hoje chegasse (sexta-feira de Carnaval) porque na semana seguinte, já tinha acabado.
Hoje mascarei o meu filho de Mosqueteiro e esqueci o meu terror por esta época, enquanto o levava á escola e o via, feliz, vaidoso da sua fatiota, encetando duelos com a sua espada.