20 anos de casados, 27 de namoro
Já não se usa. E muita gente nos pergunta qual é a receita. Não há nenhuma. Não somos perfeitos, não somos de todo, um casal perfeito. Há dias em que me apetece atira-lo pela janela. Muitos dias. E acredito que a ele lhe passe exactamente o mesmo. Mas a nossa sorte é que temos uma química invulgar. Um frio na barriga que acontece quando o olhar se cruza, uma paixão que resiste aos tempos. Gostamos mesmo um do outro. Estávamos destinados um ao outro. É uma coisa de pele, que não se explica. Quando, aos onze anos, o vi à porta da Academia Luisa Tody, onde estudámos juntos, percebi que era giro nas horas e que me dizia qualquer coisa. Fomos amigos durante muitos anos. Cantávamos na mesma classe de coro. Ele ia tendo namoradas, eu nem por isso. Até que um dia, foi ele quem olhou para mim e viu algo mais. E começou logo nessa época a surpreender-me, a fazer mais do que os outros. Nunca mais nos largámos. Tenho muita sorte em te-lo ao meu lado. É, todos os dias, o meu ponto de equilíbrio. O filho que o meu pai não teve. Um pai para o nosso filho, que ele próprio não teve. Tenho saudades dos abraços dele a cada minuto. E só espero que possamos ser os miúdos parvos e apaixonados que ainda nos sentimos, por muitos mais anos.
Parabéns, meu amor.